sábado, 29 de novembro de 2014

É isso, é como criar.


É quase como deixar que os meus dedos deslizem pelo teclado e criem qualquer coisa. É isso, é como criar. É como criar dias de sol nos dias de tempestade ou então dar aos vilões a dignidade suficiente para conseguir sentir falta deles. Acho que é o mais parecido, que conheço, com um mundo encantado, daqueles que não existem. É como se me sentasse em frente ao computador e procurasse inspiração no fundo de mim, naquilo que eu sinto ou já senti, mas depois voltasse as coisas ao contrário, só para tentar perceber como seria tudo de outra forma, se eu tivesse mesmo que estar num papel que não devia ser o meu. Consegue ser sempre tão improvável que até dá vontade de rir. Até um dia.
Um dia em que acordas num papel que não é o teu, que na verdade nem devia ser o de ninguém e percebes, que imaginar coisas pode ser quase fantástico, de tão fácil que se torna perceber tudo o que há pela frente.

CateAndrade

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A sabedoria dos 17.


Dás-me vontade de nunca mais voltar ao ponto de partida, que pontos e ainda por cima de partida, doem tanto quanto mais vezes se começa. Foste o vício de repetição mais forte da minha vida, por isso, em bom dia te foste e me deixaste livre desta angustia que eu sinto todos os dias, de te ver chegar e partir no mesmo instante, de me ver no ponto de partida à minha espera! Não me posso perdoar, por ter deixado portas abertas, para que tu pudesses entrar e sair sempre que quisesses. Que entrasses para me passar a mão na cabeça, como quem me quer tão bem que volta no dia seguinte só para me pisar e me pedir desculpa como se eu desconhecesse a ironia das tuas palavras. Como se o teu amor(ou falta dele) fosse a minha matéria orgânica, os meus sais minerais, as minha proteínas, as minhas vitaminas. Não cresci muito em tamanho, mas fui ganhando cor e músculos de vontade, e o meu coração cresceu, isso sim. Até acho que estou mais bonita.

Em bom dia te foste.


CateAndrade

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Quando não tens nada a ganhar, tens sempre muito a perder.


Lembra-te de todas as vezes que aprendeste a esperar tanto de alguém, que a certa a altura te habituaste a receber cada vez menos. Como se qualquer coisa fosse pedir de mais. Tenta lembrar-te das vezes que foste perdendo, aos poucos, a tua sanidade mental, enquanto imaginavas que do outro lado estaria alguém a ouvir os teus devaneios e a desejar, tanto como tu, que tudo se tornasse realidade. Lembras-te da horas, dos dias, das noites que perdeste enquanto imaginavas se estaria realmente alguém a ouvir-te e a querer tanto abraçar-te como se estivesse sempre ao teu lado?
Lembras-te, com toda a certeza, de teres a estranha sensação de que durava desde sempre. E foi nesses momentos que te esqueceste de fazer um balanço sobre o que tinhas perdido e o que tinhas ganho ao longo do caminho. E admito que talvez até o tenhas feito, mas que não tenhas conseguido perceber que a única coisa que ganhaste foi tempo perdido. E esse, não volta mais.
Quando não tens nada a ganhar, tens sempre muito a perder.

CateAndrade

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Sobre tantos dias.


naqueles dias em que parece que o mundo nos cai em cima, ou melhor, quando o mundo nos cai em cima, sentes que esse peso pode, a qualquer momento, explodir dentro de ti, impedindo-te de pensar, de pensar em qualquer outra coisa. que te vai consumir até ao último milímetro, que te vai sugar até à última lágrima. sentes no mais fundo de ti, que vais cair, irremediavelmente. que seja como for, vais ter que ir ao fundo para recomeçar (outra vez). estás vulnerável, não há nada que ninguém possa fazer, ou dizer. não há nada.
parece que não há nada que ninguém possa sequer pensar fazer. até respirares de novo, até deixares que novo ar te entre pelos pulmões e faça o teu coração bater mais uma e outra vez. e de repente, levantas a cabeça, tiras as mãos da frente do rosto e percebes que todas as lágrimas de que estavas à espera, que já deviam ter começado a cair há muito, não caíram. não caíram.
e abre-se um sorriso, não sabes muito bem de quê, mas compreendes que toda a angústia que era suposto estares a sentir naquele exacto momento, na verdade, nem é assim tão esmagadora. até parece irreal, não estar em queda, numa espiral gigante a sugar-te para o fundo, mas depois, é como olhar para a frente quase como se o dia tivesse sido fantástico, com a sensação estranha de que o facto de o mundo se ter desmoronado por uns instantes, nem foi assim tão mau.

CateAndrade

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

E se as tuas borboletas nunca morrerem no meu estômago?


É como se de repente tudo parasse e eu só conseguisse pensar em ti. Acho que é nesse momento que sei que estás por perto. E então começo a ensaiar o meu melhor sorriso, a escolher as melhores palavras e a fingir que o facto de estares ali, tão perto, me é indiferente. No meio disto tudo, passa-me pela cabeça que provavelmente estou a tremer e que se tentar mexer, nem que seja um músculo, toda a gente vai perceber que a minha indiferença é uma mentira.

Penso também que as borboletas que tenho no estômago batem as asas com tanta força que é impossível que alguém ainda não saiba que eu estou completamente apaixonada por ti. Parece-me impossível disfarçar seja o que for, até porque quando olhares para mim - o que acaba por acontecer mais cedo ou mais tarde - vais saber a verdade, ou não me lesses tu por dentro como ninguém.

Então, quando finalmente tenho que olhar para ti, começo a tentar controlar todos os meus movimentos: o meu coração acelera e chega aos mil por hora. E quando parece que vai explodir, olho para ti e sorrio o melhor que posso, na esperança de estar ligeiramente invisível, para que os nossos olhos não se encontrem nem por um segundo. Caso contrário, nunca mais vou conseguir acabar com as borboletas.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Onze.


Há dias que nos marcam indefinidamente. Não interessa os anos que passam, as coisas que aconteçam entre eles, as conquistas e as perdas. Não interessam. Porque quando aquele dia chega é como se tivesse sido ontem, como se o entretanto deixasse de existir. E é só nesse momento que consigo perceber a importância de estares comigo. Comigo não, em mim. Consigo perceber a leveza com que vivo todos os dias, o sorriso que não me deixa desistir e uma espécie de sossego no peito que não sei que nome lhe dar. Existem muitos nomes para isso, já me passaram pela cabeça alguns enquanto escrevo. Mas não, nenhum deles serve. Na verdade, nenhum deles é suficiente. É um sossego que não me abandona, nem mesmo quando não estás aqui, perto de mim. É maior que a presença, que a nossa existência juntos. Está(s) em mim. 
Sempre gostei de números ímpares.

CateAndrade

domingo, 9 de novembro de 2014

Sobre o coração.


imagina que tens um coração nas mãos, que bate com a mesma fúria que um coração dentro do peito. cada vez mais forte, mais ofegante. tão forte que parece que te vai fugir entre as palmas das mãos a qualquer momento, tão ofegante como alguém que acabou de rasgar uma meta. a cada instante que passa, quase que pedes para ele deixar de bater, ou então para te escapar, como que por descuido, por entre as mãos. ou para que salte tão alto que caia, se desfaça e não volte a bater nunca mais.
mas depois, no último segundo, quase irreflectidamente, fechas as mãos, uma contra a outra com toda a força que tens,
para que nada de mal lhe aconteça.

CateAndrade

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Vieste para ficar.


Chegaste devagarinho. Confesso que não estava à tua espera, talvez já nem esperasse que viesses algum dia. Ou então estava simplesmente à espera que chegasses de outra forma, num grande espectáculo, com direito a fogo-de-artifício, a jogo de luzes e de som, daqueles que nunca mais se esquecem, mas que na verdade, dificilmente se repetem. Daqueles espectáculos que esperamos uma vida inteira para assistir, que superam todas as nossas expectativas quando finalmente acontecem, mas que no futuro não voltam a acontecer com a mesma intensidade.
Mas não, tu chegaste como deve ser. Mostraste-me que quando as pessoas vêm para ficar se dão por inteiro sem falsas promessas – tu ias repetir-te todos os dias, para mim – sem causar dor, sem nos dar menos do que merecemos e sem nos fazer esperar por espectáculos, que como todos sabemos, não estreiam todos os dias. Vieste para ficar.

CateAndrade

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Come on skinny love just last the year.

É como se fizesse tudo ficar mais fácil, ou talvez só menos difícil. Tento dar menos importância, e sentir um bocadinho menos. Prometo a mim mesma que amanhã muda tudo, aliás, prometo que hoje, hoje tudo vai mudar. Mas não agora, neste momento, não posso. Afinal preciso de tempo, não é? Toda a gente precisa de tempo. Ensaio qualquer coisa que se pareça com uma despedida, só para ter a certeza de que não vou voltar, nunca mais.

E passam dias, semanas e até meses, e eu continuo aqui. A inventar desculpas, despedidas, fórmulas mágicas de tornar tudo mais fácil, menos doloroso. Não vai doer menos por isso, aliás, não dói menos por isso. Mas parece que vai ficando tudo escondido, e vou-me esquecendo, dou menos importância e quase deixo de sentir, tudo. Na verdade é só uma máscara, atrás da qual eu me sinto terrivelmente confortável e, incrivelmente, segura. Ninguém me vê e eu, só vejo o que quero e posso.
Só há um problema: o momento em que a máscara cai. É como uma tempestade, pouca coisa fica por destruir e os dias seguintes são esmagadores. Depois, segue-se a árdua tarefa de reparar tudo, mais uma vez, de colar as partes que sobraram, levantar a cabeça e continuar. Mesmo que os dias pareçam intermináveis, que tudo pareça em vão no momento e que a única opção pareça ser desistir. Mesmo que doa, mais do que tudo. É preciso seguir em frente, sempre.

Mesmo que seja preciso começar de novo, do zero e construir tudo, outra vez. E se for preciso chorar, todos os dias até não sentir mais nada, então vou chorar. Vou-me desfazer de tudo o que conseguir, para recomeçar do ponto em que parámos.

CateAndrade

Não existe uma maneira perfeita de começar, nem de dar os primeiros passos. Que este seja o primeiro de muitos passos neste blogue, que andou perdido até encontrar a luz do dia. 

Sejam bem-vindos! :)
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