quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

De volta ao início #3


Numa parte do tempo penso na força e na determinação que preciso de encontrar para conseguir, da melhor maneira possível, enfrentar tudo o que vem pela frente. Na força que preciso para perceber que a realidade nem sempre é o que parece e que aquilo em que queremos acreditar, desesperadamente, nem sempre pode ser verdade. E depois, terei que encontrar a determinação para dizer a mim mesma, e a quem precise de ouvir, que as certezas são jóias raras e, por isso, quase inexistentes: quando as encontramos, temos que nos agarrar a elas como se a nossa vida dependesse disso.
Mas enquanto me faltar a força e a determinação, sei que vou passar a maior parte do meu tempo a pensar em ti e na maneira como fazes o meu coração disparar de cada vez que olhas para mim. Vou pensar nos dias em que não te posso ver e em que o meu coração acelera ainda mais; e depois em todos os segundos do meu dia em que vagueias pela minha cabeça – chego a pensar que te mudaste para lá – e que não me deixas colocar os pés no chão e sentir a realidade (ou será esta a minha realidade agora?). E até quando adormeço e espero alguma paz, lá estás tu a aparecer em todos os meus sonhos; e sou tão feliz quando sonho contigo. Na verdade, talvez sejas exactamente a paz de que preciso: este alvoroço que não me deixa respirar, que me faz acordar angustiada por saber-te tão longe (e tão perto) e por estas terríveis saudades que sinto de ti (e por ti) em antecipação. 

(Prometo voltar em breve e explicar o motivo da minha ausência. Vim desejar-vos um Bom Natal e deixar-vos um pequeno presente :) )

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

De volta ao início #2


«(...) Confesso que não sei bem as horas; na verdade, há muito tempo que nunca sei as horas ao certo e deixei de usar relógio, porque de qualquer maneira iria ter que o acertar consoante o fuso horário. Mas deve ser cedo, muito cedo. Já há sol, por isso é de manhã e sei que todos os hóspedes do hotel estão a dormir porque a praia está deserta – só eu e a natureza como companhia. Podia ficar aqui horas a flutuar, quase imóvel, enquanto penso na minha vida no último ano; enquanto penso nas pessoas que nunca mais vi desde que me vim embora e, acima de tudo, podia ficar aqui mais algum tempo só para pensar em ti: acreditas que nunca mais me esqueci de ti? Já perdi a conta às minhas horas de voo, mas não consigo perder a conta de todas as vezes que julguei ver-te dentro de um avião, num aeroporto, num hotel e nos mil sítios onde te imaginei ao longo deste (longo) ano. 
E foi perdida nestes pensamentos que ouvi, por entre a água que começava a querer entrar-me nos ouvidos, alguém chamar o meu nome. (...)»

(E que bom é voltar ao início novamente!!)

terça-feira, 1 de setembro de 2015

De volta ao início #1


«Ali, naquela sala, onde tantos sonhos se iam tornando realidade e tantos outros iam ficando (mais uma vez) adiados fui incapaz de não pensar em ti. Enquanto me ia deixando abraçar por pessoas que conhecia há dois dias – mas que prometiam ser as minhas melhores amigas em menos de nada – continuava a ver-te à minha frente, sentado naquela mesa, enquanto me contavas metade da tua vida sem eu saber sequer o teu nome. Queria partilhar aquele entusiasmo com alguém; ter alguém para abraçar, alguém que me devolvesse um sorriso e que me limpasse as lágrimas, que neste momento fingia serem (apenas) de alegria. Pensei em muitas pessoas que podiam – e deviam – estar ao meu lado, mas depois lembrei-me que nenhuma delas sabia que eu ali estava. Foi então que pensei em ti: mais uma vez. Eras perfeito para estar comigo naquele momento; tenho a certeza de que irias querer abraçar-me e então, talvez esquecesse esta loucura toda e decidisse, simplesmente, ficar aqui.
Foi quando ouvi o meu nome mais uma vez (e tive a certeza de que nada disto era um sonho) que percebi que a maior loucura de todas era querer que estivesses comigo; a maior loucura era querer partilhar com um desconhecido o dia em que a minha vida iria mudar – e eu ainda nem fazia ideia do quanto.»

(Setembro é um mês de regressos e recomeços, por isso nada melhor do que começar este mês a escrever e cheia de novas ideias. Espero que continuem a acompanhar tudo desse lado e que gostem tanto destas ideias como das descabidas que terminaram antes das férias! :) )

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

"As Leos e os seus rapazes" de Tomás Múrias


Hoje venho falar-vos do livro que li na última semana. Deixo-vos com a sinopse para começar:

"Quando duas pessoas gostam uma da outra, os sentimentos ficam à flor da pele. Se algo entre eles dá para rir, riem a dobrar, se dá para chorar, fazem-no copiosamente, se algo os une, ficam inseparáveis, se discutem um com o outro, ficam profundamente magoados."
"Leonor estava numa fase de muitas incertezas. Sentia que já não conhecia o mundo, que estava numa nova realidade. Sentia que para além da sua realidade familiar, também ela tinha mudado profundamente. Só não sabia para que é que tinha mudado. No que é que se tinha tornado. E isso assustava-a."
"Leonarda pagou cem euros de gorjeta ao taxista para que este a deixasse rapidamente em casa de Zé. Ia ansiosa. Não pensava em mais nada do que fazer as pazes com ele. A verdade, sabia-o agora, é que se tinha apaixonado. A verdade é que, por mais copos, festas e afins em que se tivesse metido na semana anterior, tinha acabado de passar pelos piores dias da sua vida."

"As Leos e os seus rapazes" conta a história de Leonor, Miguel, Zé e Leonarda. Quando Leonor pensa que, finalmente, a sua vida tomou o rumo que tanto esperava e precisava, conhece Miguel e as suas prioridades mudam repentinamente. Zé é o melhor amigo de Miguel e uma espécie de anjo da guarda, pelo qual Leonarda se vai apaixonar perdidamente.
O livro anda à volta de muitos encontros e desencontros tão típicos da vida de todos os nós. Não é um livro extraórdinário, mas está bem escrito e o uso de palavrões não é exagerado. É uma boa leitura de férias (muito bom para ler na praia): leve e simples de ler.


Boas leituras!! :)

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O DreamCate está de volta!

Depois de umas férias - sem publicações por aqui - estou de volta ao DreamCate :) Há momentos em que é mesmo preciso tirar uns dias para não fazer nada, nem aquilo que mais gostamos, para depois seguirmos o nosso caminho ainda mais confiantes - estas duas semanas de ausência foram momentos desses.

Continuo à espera de boas notícias, como vos contei aqui antes de entrar de férias. Mas entretanto trago outra novidade para vos contar; quem me acompanha no facebook já deve ter visto que passei a ser colunista oficial no site ELA-E-ELE.COM que partilha os seus conteúdos na página de facebook Inspiring Life.

O último texto publicado no site e no facebook pode ser lido aqui.



Espero que me passem a acompanhar por lá também! :)

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Pequenas histórias #7


Raras são as vezes em que o meu coração acelera tanto que mal me deixa respirar; quero-te tanto (mas tanto) que imaginar que podes não acontecer me vai matando aos bocadinhos. Repito – mil vezes – para mim que vai chegar o teu dia e que vais aparecer, mais do que perfeito, para que toda a gente te veja; então, vão saber que és real. Real como todo o trabalho (e dedicação) que tive para que ganhasses vida; real como só eu sei que és – acredito que um dia (todos) os outros te darão o mesmo valor que eu.
Recordo-me das vezes em que, eu própria, não te dei o devido valor e te deixei esquecido; acredito que depois de tudo o que passámos nos últimos tempos tenhas conseguido entender os meus motivos e perdoar-me. Respostas tuas nunca terei, pelo menos não directamente, mas quando toda a gente te conhecer (quase tão bem como eu) receberei todas as repostas que sempre precisei e talvez não me restem dúvidas do caminho que escolhi.
Raramente tenho certezas absolutas, ou não tivesses tu aparecido dessa ausência; não existe nada mais delicioso do que um mar de dúvidas para me perder (encontrar). 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Hoje era dia de ideias (mais ou menos) descabidas!


Pois é, hoje - segunda-feira - era dia de mais um texto das ideias (mais ou menos) descabidas; mas, como já devem ter percebido pelo título, hoje não haverá texto aqui no blog.

Apresentei-vos, durante dez semanas consecutivas, pequenos excertos de um todo que eu esperava (e espero) serem tudo menos descabidos. Na última semana percebi, claramente, que nenhuma das ideias que vos apresentei era descabida e que há sonhos pelos quais vale - sempre - a pena lutar!

Espero ter novidades para vos dar em breve e, mesmo que não sejam as melhores, terei todo o gosto em contar-vos tudo na hora certa. Espero que continuem desse lado a acompanhar novas rubricas que certamente surgirão aqui no blog :) 

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Poesia no DreamCate #1


Às vezes chego a pensar, quase no limite da minha (in)sanidade mental,
Se estás desse lado, em sintonia comigo, a pensar comigo e em mim,
A sentir-me perto de ti como se nunca me tivesses perdido.
Consigo sentir, quase como se fosse real, a tua presença perto de mim,
Os teus olhos nos meus, as tuas mãos a percorrerem-me
E os teus lábios a tocarem os meus.

É
Como se parte de mim não conseguisse viver
Sem a viciante tortura de te tentar perceber,
De te tentar acolher entre braços sem fim
E gritar-te bem baixinho ao ouvido
Que está tudo bem, que nunca te perdeste,
Que foi só um sonho mau e que eu estive sempre ali,
A olhar por ti,
A tomar conta de ti.

É
Como se parte de mim só conseguisse viver
Com um medo irresistível de não querer passar o risco,
De não querer perder tudo outra vez,
De não querer ser demais com alguém,
Que bem ou mal,
Nunca seria igual,
Nem de longe nem de perto,
A ti.

Acho que é, também, por já não aguentar mais ter-te tão perto,
Quando sei, melhor do que ninguém,
Que estás a mais de muitos quilómetros de distância
De tudo aquilo que se pode esperar de alguém.


(Prometo que volto à prosa, e às pequenas histórias de sexta-feira, na próxima semana!)

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Ideias (mais ou menos) descabidas - parte X.


« (...) O primeiro beijo não aconteceu muito depois dessa noite; a verdade é que todo o tempo do mundo era muito tempo para esperar. Tenho a certeza que entrei em pânico nesse momento, que me senti desajeitada por não saber bem o que devia fazer e que vi outra pessoa no lugar do Luís por uns momentos. Por uns momentos senti que tudo estava errado, que não devia avançar assim tão depressa. Quando abri os olhos era o Luís que me sorria – sim, era o Luís. Precisei de uns segundos para me reajustar à realidade, para abrir bem os olhos e me dar conta de que quem me sorria naquele momento era o meu presente – não era o meu passado e talvez não fosse o meu futuro.
Enquanto me reajustava e lhe sorria de volta, decidi-me por um segundo beijo, talvez agora, depois da novidade, tudo parecesse (ainda) melhor. E assim foi: o segundo beijo foi, definitivamente, o melhor. No segundo senti o Luís por inteiro – era mesmo ele que estava ali comigo – e voltei a ouvir o burburinho maravilhoso das minhas borboletas. Afinal, talvez fosse possível voltar a ser feliz.»

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Pequenas histórias #6


«Um casal desaparece sem deixar rasto»
Era o título principal de um dos muitos jornais que nunca costumo ler. Estranhamente, nesse dia, decidi passar pela banca de jornais antes de ir tomar café; mal olhei para aquele título não consegui evitar um ataque de curiosidade. Comprei o jornal e segui para o café, onde pretendia ler aquela notícia de uma ponta à outra.
O casal tinha desaparecido sem deixar rasto – num momento estavam em casa a jantar e no momento seguinte já ninguém sabia deles. Arrepiei-me quando pensei nesta certeza de imprevisibilidade que paira sobre nós a cada segundo que passa. Quando voltei à notícia, fiquei a saber que o casal de desaparecidos estava em casa a jantar – segundo amigos do casal – quando deixou de atender o telemóvel e de responder ao toque da campainha do prédio. Segundo esses amigos, o casal festejava um aniversário e tinha-os convidado para aparecerem depois de jantar. Parei para pensar numa coincidência: a Maria tinha feito anos no dia anterior e eu, com todo o trabalho do costume, não tinha conseguido ir cantar-lhe os parabéns.
E com isto tudo ainda não tinha lido em que parte do país tinha acontecido este desaparecimento e quem tinha, realmente, desaparecido. Umas linhas mais abaixo lá estavam os nomes: João Almeida e Maria Ribeiro, naturais do Porto. Não, não podia ser verdade. Era a Maria uma das desaparecidas? O telemóvel tocou, demorei a encontrá-lo dentro da mala; era a Joana e a primeira coisa que disse foi “Já leste os jornais de hoje?”

quarta-feira, 22 de julho de 2015

O DreamCate pela blogoesfera #1


Esta semana não podia estar a correr melhor: um texto partilhado numa plataforma com mais de um milhão de seguidores e uma publicação (muito especial) em destaque no Blogging. Espero que gostem das novidades e que continuem a acompanhar tudo desse lado! :)



segunda-feira, 20 de julho de 2015

Ideias (mais ou menos) descabidas - parte IX.


« (...) Falámos – ele mais do que eu – durante horas e quando nos despedimos (a muito custo, pois nenhum de nós queria realmente acabar com aquele encontro), o Luís arranjou maneira de me tocar – sabia que o queria fazer desde que nos tínhamos cumprimentado à chegada – e de ficar o mais próximo possível. Olhou-me nos olhos o tempo suficiente para que voltassem a nascer borboletas no meu estômago e quando eu pensei que me ia beijar – e tive a sensação de que ia entrar em pânico –, ele sorriu e abraçou-me; abraçou-me o tempo suficiente para me sentir – finalmente – segura e, enquanto me devolvia do seu abraço, sussurrou ao meu ouvido que tínhamos todo o tempo do mundo. E virou costas para seguir o seu caminho de volta a casa, enquanto eu fiquei completamente imóvel a tentar perceber o que tinha acabado de acontecer. Não consegui evitar o sorriso enquanto pensava que algumas pessoas tinham, mesmo, que fazer parte da nossa vida – o Luís era, sem dúvida nenhuma, uma delas.»

domingo, 19 de julho de 2015

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pequenas histórias #5


Sabes quanto tempo passou desde a última vez? Lembro-me, tão bem, de cada segundo que passou depois da última noite em que te vi que podia jurar que estou acordada desde então; podia – mesmo – jurar que esta falta que me fazes me consome mais do que toda a nossa química quando estás por perto. Não sei, exactamente, como qualificar este vazio em que me deixas. Na verdade, queria eu não ter que sentir (nem dizer) que não há falta maior do que a que tu fazes na minha vida, que não há ninguém no mundo inteiro que me faça tanta falta como tu fazes. É como se não soubesse dizer, como se não soubesse traduzir em palavras – daquelas que se desenham entre os lábios e nos soam aos ouvidos – tudo aquilo que me fazes sentir quando não estás aqui. Seria tão mais fácil se não tivesse que dizer nada, se entendesses os olhares, os gestos e até os silêncios que não pareço dizer, mas que são como as palavras mais difíceis de sentir entre os lábios.
No entanto, gostava de dizer – para que soubesses – que nem sempre são rosas o que sentes em acasos perdidos; que nem sempre são rosas os olhares de cortar a respiração que se transformam em noites de amor. É nesses momentos que percebo quase tudo o que me deixa presa e raras vezes me deixa avançar; vejo, claramente, que nunca te deixo ir embora de vez, que te guardo para te poder abraçar sempre que alguém quer ocupar o teu lugar e eu sinto que não é igual a ter-te a ti junto a mim.
E é por saber que continuas (sempre) à distância de um abraço que não suporto a ideia de estar aqui, de me negar ao que mais quero: sentir-te comigo.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

"O Conto Continuado" de Renato Ferreira.


Hoje venho falar-vos de mais um livro da Chiado Editora - "O Conto Continuado" - que acabei de ler ontem à noite. Vou deixar-vos primeiro com a sinopse:

Um conto foi escrito. Não se sabe muito bem quem o escreveu. Nele um escritor escreve um conto sem permissão ter de se envolver amorosamente com a personagem feminina - a Genoveva. 

Este conto tem a sua continuação. Genoveva continua na história, que envolve também o escritor Paulo Antunes. Este vai ter que fazer uma escolha....

Gosto muito de ler à noite, antes de adormecer, e quando estou a gostar mesmo do livro sabe-me bem pensar que ainda tenho mais umas páginas para ler no dia seguinte; a não ser quando tenho um ataque de curiosidade e tenho mesmo que o ler até ao fim - foi isso que aconteceu ontem com "O Conto Continuado".
É um livro diferente do habitual, em que o autor nos vai guiando por uma(s) história(s) que só ele conhece sem nos dar pistas do desfecho final. Foi inevitável não me lembrar do Paul Auster (escritor Norte-Americano) e das suas histórias pouco óbvias e onde tudo acaba por fazer sentido. 
Foi inevitável, também, não ver o autor em quase todas as palavras deste livro; mas a verdade é que este foi um privilégio meu (e de mais alguns que o vão ler com toda a certeza), uma vez que o autor é meu primo. Foi fácil ver o Renato Ferreira em cada linha deste livro e perceber o quanto ele deu de si para cada história. 
Este livro é para todos aqueles que gostam tanto de ler como de escrever e que sonham acordados com cada história que lêm. É um livro que nos mostra que aquilo que lemos nos influencia diariamente, nos leva a perseguir sonhos e tantas vezes a realizá-los. É, no fundo, um livro para escreventes e escritores - todos se vão identificar com algum aspecto desta obra.
Os livros são, sem dúvida nenhuma, um mundo encantado em que tudo pode acontecer; "O Conto Continuado" não é excepção. Espero que leiam e que gostem!

Deixo-vos com alguns dos excertos que mais gostei :)





terça-feira, 14 de julho de 2015

Leituras do momento #1

E são estes os livros da Chiado Editora que andam cá por casa:


"As Leos e os seus rapazes" de Tomás Múrias

"O Conto Continuado" de Renato Ferreira

Este último é bem especial! Em breve conto-vos tudo :)

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Ideias (mais ou menos) descabidas - parte VIII.


«Dei por mim perdida em mais peças de teatro e ensaios intermináveis; era o meu primeiro encontro em mais de dois anos. Mas, na verdade, sentia-o como mais do que isso: era o meu primeiro encontro depois de ti e, por mais tempo que passasse, continuava sem saber se iria ser capaz. Tive medo de te ver no lugar do Luís, de abrir os olhos e de estares lá – a olhar para mim – como se nunca tivesses ido embora. Confesso que tive vontade de desmarcar tudo; e se o Luís não fosse a pessoa certa para dar este passo? Percebi que nunca o iria saber se não fosse e então decidi, sem possibilidade de voltar atrás, que ia.
Passei o resto da semana a desejar que chegasse a sábado para voltar a vê-lo e, também, para acabar com toda aquela ansiedade que não me largava nem um segundo. Lembro-me bem do calor que fazia nesse dia e do ar quente - e pesado - que tanto custava respirar. Lembro-me, melhor ainda, das mil vezes que pensei em não ir; mas no meio de todas as hesitações decidi ir furiosamente em frente. Saí de casa, decidida e determinada, e fui ganhando confiança a cada passo que dava no asfalto fervilhante da cidade. Sentia-me uma descobridora, como se nunca ninguém tivesse feito aquele caminho - parecia que o estava a estrear de fresco. E perdida no meio desta força, que não sabia bem de onde vinha, vi-te ao longe a sorrir para mim. Senti-me fraquejar e, por momentos, pensei em recuar e deixar-me de descobertas; no entanto, no último segundo dei por mim a avançar com toda a determinação. E fui assim - prego a dentro - ao teu encontro.»

domingo, 12 de julho de 2015

Sobre a Simplicidade.



Hoje é dia de mais uma rubrica no A Few Lines. Espero que gostem :)

Simplicidade.

A vida contigo é simples. Não é fácil, mas é simples. Nunca soube muito bem o que procurava nas pessoas que fui encontrado ao longo do caminho, que pessoa é que precisava para ter ao meu lado. E agora que te encontrei, sei que te procurei a vida toda. Sei que procurei a simplicidade da vida que temos. Mesmo quando as dificuldades nos fazem sair da nossa zona de conforto, nós estamos sempre prontos para as transformar em momentos de crescimento e aprendizagem. Haverá coisa melhor? Não há conforto maior do que este que sinto, de saber que não interessa se o mundo se vai desmoronar amanhã, porque tu estás aqui comigo.

E se é verdade o que dizem, que a nossa vida só começa verdadeiramente quando estamos fora da nossa zona de conforto, então que seja, não há desconforto que vença um porto seguro. E Tu és o meu.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Pequenas histórias #4


Se não fosse a tua ausência permanente e irremediável, muito provavelmente nunca te agradeceria como sempre mereceste. Mas é sempre assim, não é? Só nos lembramos – verdadeiramente – das pessoas que nos fazem falta quando elas teimam em desaparecer. E depois é tão tarde para agradecer tudo, de uma só vez, que não é fácil saber por onde começar. Por isso, vou começar e acabar no mais importante: tu.
Acima de tudo, gostava de te agradecer por teres feito parte da minha vida e me teres ensinado tantas lições – as maiores quando já estavas tão longe. Por, de tantas formas, teres feito de mim o que sou hoje: em mim estarás sempre vivo. É, também, por isso que hoje sei que as tuas borboletas nunca morrerão dentro do meu estômago; obrigada por não as teres levado contigo. Na verdade, o que quero mesmo é agradecer-te por as teres deixado comigo no nosso primeiro encontro, durante o nosso primeiro beijo; e quero dizer-te mil vezes obrigada por me teres permitido descobrir o que era estar – estupidamente – apaixonada. Por me teres ensinado, mesmo sem saberes, que quando amamos alguém o nosso coração descai, ligeiramente, para baixo e mergulha numa piscina de borboletas inquietas; e por me teres permitido descobrir que essas borboletas são muito mais do que a metáfora da qual nasceram.

Nota: Hoje é o dia da publicação nº 100 :)

quarta-feira, 8 de julho de 2015

"Um Amor Inexplicável" de Ana Ribeiro.


A Leitura em dia andava um bocadinho esquecida aqui no DreamCate, mas está de volta e espero que que a partir de agora de forma mais regular :)

Desta vez trago-vos um livro que li sem ser em parceria com Chiado Editora. "Um Amor Inexplicável" é um livro da Ana Ribeiro do Blog Escreviver Portefólio de Escrita. Acompanho o trabalho da Ana desde o início deste ano e, por isso, fui acompanhando também a escrita deste Amor Inexplicável.



Sinopse
Italiana de nascença, a viver no Porto desde pequena; Laura é uma jovem dinâmica, comunicativa, extrovertida, apaixonada pelo desenho e pela Moda e que adora ajudar os outros, principalmente os pais no restaurante L’italiano que têm na baixa da cidade.

Mas estava longe de imaginar as voltas que a sua vida iria dar; quando um dia, casualmente, conhece o João Pedro nos corredores do colégio que frequentam: um jovem igual a tantos outros, cheio de sonhos e objectivos, com grandes aspirações interrompidas quando descobre que tem uma leucemia. 
A sua vida muda radicalmente e fica toda em suspenso: abandonado pelos melhores amigos, o João Pedro vê na Laura a amiga que nunca teve, com quem desabafa os seus receios e medos acerca da doença e do seu futuro incerto. Juntos travam uma dura batalha pela reconquista da vida e dos seus maiores sonhos, um caminho duro e demorado, ao longo do qual vão aprendendo grandes lições e a dar mais valor às pequenas coisas.
E o amor acontece sem estarem à espera. 
Laura e João Pedro apaixonam-se um pelo outro, numa altura em que muita coisa é posta em causa; sem medo do futuro que os espera, arriscam e assumem o que sentem.
Mas será Laura capaz de amar o João Pedro dentro do seu quadro clínico?



A Ana aborda neste romance uma temática muito delicada: o cancro na infância e adolescência. As duas personagens principais - a Laura e o João Pedro - são dois adolescentes que se conhecem quando o João Pedro trava a maior batalha da sua vida. Numa linguagem clara e acessível a todos os públicos, a autora conta-nos uma história de superação em que a amizade e o amor se tornam os ingredientes principais. 

É um livro que se lê muito bem e que nos faz acreditar que tudo é possível, até aos sonhos mais difíceis de realizar. Confesso que à medida que o lia pensei muitas vezes que talvez algumas coisas fossem demasiado irreais (acabo sempre por não gostar tanto de finais perfeitos), mas depois acabei por perceber o objectivo da Ana: motivar e fazer sonhar quem luta contra o cancro todos os dias. 
Acredito que o objectivo foi cumprido!

Parabéns Ana e continuação de muito sucesso :)

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Ideias (mais ou menos) descabidas - parte VII.


« (...) E foi então que percebi que não fazia a mínima ideia do que iria acontecer a todo este amor que – ainda – tinha dentro de mim. Se por um lado queria esquecer-te já hoje para não ter que sentir a esmagadora tristeza de não estares aqui, por outro sabia que isso não iria acontecer – nem o desejava realmente – e que ficarias sempre comigo.
E as tuas borboletas, ficariam para sempre comigo? Ou morreriam contigo, dentro de mim? Será que algum dia, daqui para a frente, voltarei a senti-las bater as asas com tanta força como quando estavas aqui? Tenho feito estas perguntas tantas vezes (a mim própria) que chego a questionar a minha (in)sanidade mental. E depois parece-me quase despropositado preocupar-me tanto com isto: com esta sensação de leveza – como se andássemos sobre nuvens – que sempre me fizeste sentir desde o primeiro ao último olhar; no meio de toda esta dor, questiono muitas vezes se estou a enlouquecer porque não me parece normal passar os dias de olhos fechados a tentar recriar – na minha cabeça – todas as situações em que as tuas borboletas dançavam felizes dentro de mim.
Mas talvez isto não seja mais do que a soma daquilo que fomos: um turbilhão de emoções que tantas vezes não conseguimos explicar e de sentimentos desenfreados que nunca foram suficientes (...).» 

domingo, 5 de julho de 2015

Sobres as borboletas.


Hoje é dia de mais uma rubrica no A Few Lines e, como já vem sendo habitual, recordo mais um texto do início do DreamCate :)


E se as tuas borboletas nunca morrerem no meu estômago?

É como se de repente tudo parasse, e eu só conseguisse pensar em ti. Acho que é nesse momento que sei que estás por perto. E então começo a ensaiar o meu melhor sorriso, a escolher as melhores palavras e a fingir que o facto de estares ali tão perto me é indiferente. No meio disto tudo, passa-me pela cabeça que provavelmente estou a tremer e que se tentar mexer, nem que seja um músculo, toda a gente vai perceber que a minha indiferença é uma mentira. Penso também que as borboletas que tenho no estômago batem as asas com tanta força que é impossível que alguém ainda não saiba que eu estou completamente apaixonada por ti. Parece-me impossível disfarçar seja o que for, até porque quando olhares para mim, o que acaba por acontecer mais cedo ou mais tarde, vais saber a verdade, ou não me lesses tu por dentro como ninguém.
Então, quando finalmente tenho que olhar para ti, começo a tentar controlar todos os meus movimentos, o meu coração acelera e chega aos mil por hora. E quando parece que vai explodir, olho para ti e sorrio o melhor que posso, na esperança de estar ligeiramente invisível, para que os nossos olhos não se encontrem nem por um segundo. Caso contrário, nunca mais vou conseguir acabar com as borboletas.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Pequenas histórias #3


Procurava sempre a face dela da mesma maneira: com os dedos das mãos bem esticados, enquanto sorria a antecipar o que já sabia sentir. Ao primeiro toque desenhava-lhe o rosto como ninguém; conhecia, melhor do que ela própria, cada pedaço de pele que a fazia tão bonita.
Sabia de cor a forma dos seus olhos – o direito era ligeiramente mais rasgado –, o tamanho do seu pequeno nariz – que lhe cabia no dedo mindinho –, o formato das suas sobrancelhas fartas – que lhe conferiam tanta personalidade – e o diâmetro dos seus lábios desenhados, milimetricamente, no sítio certo – nem um bocadinho para a esquerda, nem ligeiramente para a direita.
Depois do primeiro toque, muitas descargas eléctricas percorriam o corpo dele com uma intensidade difícil de descrever: ela estava-lhe à flor da pele e ainda só lhe tinha tocado com a ponta dos dedos. E enquanto ela falava – e ela falava sempre – todos os sons pareciam estar em sintonia. Talvez a pudesse reconhecer em qualquer parte do mundo e no meio de uma multidão. Era a única certeza que tinha: se não lhe pudesse tocar, bastava que ela falasse para se verem.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Ideias (mais ou menos) descabidas - parte VI.


« (...) Pergunto-te se durante os anos que passámos juntos conseguimos parar, num dia qualquer, para pensar (mais do que em nós juntos) em cada um de nós – eu e tu. Será que em algum dos milhões de minutos que passámos juntos falámos do nosso futuro? Daquilo que queríamos e daquilo que, sabíamos bem, não queríamos para nós? E não, não contam todos os devaneios ditos nas entrelinhas da paixão, entre olhares demasiado apaixonados, do que poderia ser um futuro longínquo (demasiado para quem sempre quis atropelar o tempo) a dois. Não podem contar porque não há realismo quando todo o nosso futuro parece estar em ilhas desertas, quartos de hotel, cidades distantes e quantias milionárias que nunca tivemos. Consegues perceber a diferença entre os sonhos e a realidade, muitas vezes dura, que temos que viver?
            Sei que, neste momento, continuas à distância (agora cruel) de um abraço e que por isso, poderia e deveria correr para ti e dizer-te isto tudo; dizer-te que ainda há tempo para nós se soubermos parar, conversar, perceber cada um de nós individualmente e, acima de tudo, se formos capazes de desligar a corrente. Só não sei se sobreviveríamos em voltagem zero e ninguém vive em alta voltagem para sempre – ou vive?»

domingo, 28 de junho de 2015

Sobre os Domingos.


E Domingo é dia de mais uma Rubrica no A Few Lines. Hoje recordo mais um texto do início do blog e que não podia ser mais adequado: é sobre os Domingos.
Será que gostam tanto de Domingos como eu?

Há muito tempo que descobri que não gosto nada de Domingos. Toda a gente fala nas malditas segundas-feiras de todas as semanas de todos os anos das suas vidas, eu falo dos Domingos. São o pior dia de qualquer semana, por mais coisas bonitas e interessantes que eu faça, por mais momentos inesquecíveis que me possa proporcionar, nada consegue acabar com esta maldição dos domingos. São estranhamente nostálgicos, como se nos quisessem puxar para trás e nos sussurrassem ao ouvido para “não avances mais, já chega…fica aqui, não vás!”. E são estupidamente indefinidos, ora são o último dia da semana ora são o primeiro. Não há nada pior do que acabar e começar no mesmo instante, sem tempo para respirar. É mais ou menos como despedirmo-nos de alguém de quem gostamos muito: não queremos desfazer-nos de quem tem que ir num abrir e fechar de olhos. Mas quando fechamos os olhos, bem devagar e respiramos fundo, sentimos que já desapareceram. Quando voltarmos a abrir os olhos, estaremos sozinhos (sem ti). Os Domingos são assim.

sábado, 27 de junho de 2015

O DreamCate em fotografias #1


Hoje inicia-se uma nova rubrica semanal por aqui. Ao sábado publico fotos de parte dos textos publicados durante a semana. O que acham? Uma vez que a matéria-prima do DreamCate são as palavras, nada mais justo do que apresentá-las lindas e maravilhosas em formato de fotografia; e assim podem aproveitar para ler algum texto que vos tenha escapado durante a semana.

Espero que gostem desta nova publicação semanal e que continuem desse lado :) Bom fim de semana!







sexta-feira, 26 de junho de 2015

Pequenas histórias #2


O que mais custa é continuar a acreditar; acreditar que as coisas possam mudar e que eu possa, finalmente, sair daqui. Sei que esta prisão em que me encontro não é uma prisão física; na verdade, ninguém me impede de abrir a porta e sair para nunca mais voltar. As amarras que me prendem são tão leves e invisíveis como o ar que respiro, no entanto sinto-as bem mais pesadas do que correntes verdadeiras.
Sinto agora – mais do que nunca – que estas paredes à minha volta não são mais do que todos os passos que me impediste de dar e todas as portas que nunca foste capaz de abrir. Sinto, também, que muitas vezes não me deixaste acreditar nas boas capacidades que sempre tive; e, na maioria das vezes, fizeste questão de mostrar-me todas as capacidades que não tenho: mas que talvez me pudessem salvar. Hoje sei que todas as promessas que me fizeste foram em vão; sei também que não tens culpa, mas és tu quem dá a cara em nome de tudo. És tu – para todos os efeitos – que me impedes, tantas vezes, de ver (ter) oportunidades no horizonte.
Quero (muito) acreditar que podes mudar e que, juntos, ainda temos futuro. No entanto, confesso que cada vez me custa mais esperar que isso aconteça. Às vezes tenho vontade de abrir a porta só para espreitar o que há do outro lado. Desculpas-me se não conseguir esperar por ti, Portugal?

terça-feira, 23 de junho de 2015

A Despedida - Colectânea de Adeus...


No mês de Março falei-vos de uma colectânea - da Editora Papel D´Arroz - na qual um dos meus textos seria publicado. Bem, como já devem ter reparado pela fotografia, já é oficial: mais um texto meu foi editado. E como prometido deixo-vos com fotos do livro e com o texto completo.
Espero que gostem e que deixem o vosso feedback. Podem não acreditar, mas as vossas palavras ajudam-me muitas vezes a não desistir - deste e de outros sonhos! :)

«Não tenho bem a certeza do que te quero dizer, se é que quero mesmo dizer alguma coisa. Nem sei se devo esclarecer tudo de uma vez, talvez seja melhor deixar andar e esperar que um dia não precise de dizer nada. Que um dia olhemos um para um outro, mesmo sem nos vermos, e consigamos perceber porquê. Porquê?
Às vezes tenho a sensação de que nunca vou saber, de que por mais que tente, por mais que pense em tudo que o que aconteceu, nunca vou perceber. Mesmo quando tento reconstruir mentalmente cada passo, cada falha…parece que não faz sentido. Tu estavas lá, só para mim. Eu estava lá, só para ti. Era assim, tão fácil como parece não era? Era só dar as mãos, sorrir e continuar. Mas não foi assim.
Tenho a impressão que nunca mais demos as mãos como antes, que nunca mais senti a tua palma contra a minha como se me quisesses só para ti. E tenho a certeza de que nunca mais olhaste para mim, como quem me lê por dentro, que nunca mais estiveste apaixonado por mim em nenhum dos milhares de olhares que trocámos depois disso. Estavas sempre nostálgico como se me perguntasses a cada segundo, a cada pestanejar, o porquê de tudo aquilo. Porquê?
Sentia-te a cobrar uma resposta a cada momento que passava. Cada olhar era o despejar da raiva, do ressentimento e do desprezo…que querias sentir. Mas não sentias. Acho que isso era o pior de tudo para ti. Não sentir o mal que te fiz. Mesmo que não estivesses apaixonado de cada vez que me olhavas nos olhos, de todas as vezes que viravas costas, querias abraçar-me para sempre. A mim doía-me, terrivelmente, por saber que isso nunca iria acontecer. A ti, por saberes que era o que mais querias.
Nesses momentos sentia que nunca me ia perdoar e, pior do que isso, sabia que tu nunca me irias perdoar verdadeiramente. 


Às vezes pergunto-me se aquele dia mudou, realmente, alguma coisa em ti. Pergunto-me se tudo aquilo que eu disse e tudo aquilo que não fui capaz de ser para ti te destruiu tanto como a mim. Pergunto-me se aquele dia foi um momento decisivo, se mudou mesmo a minha existência e a tua. Também gostava de saber se algum dia, depois desse, foste a mesma pessoa que eu conheci. Se voltaste a olhar tão fundo os olhos de alguém como olhaste os meus, um dia, se abraçaste alguém tão forte que a fizeste sentir a pessoa mais segura do mundo. Pergunto-me se voltaste a ser a pessoa por quem me apaixonei ou se no momento em que viraste costas com uma simples despedida de ocasião, como se eu não tivesse significado nada para ti, nunca mais voltaste a ser o mesmo.
Se calhar é por isso que sinto sempre tanto a tua falta, que te procuro em todas as pessoas que conheço, em todos aqueles que se apaixonam por mim. Procuro sentir tudo igual, como se fosses tu. Procuro o teu olhar, para me sentir da maneira como me vias e me sentias no teu coração. Pergunto-me se voltaste a chorar por mim. Ver-te chorar desesperou-me de tal maneira que quando me lembro ainda fico com o coração partido. Depois penso na coragem que tive para dizer tudo. Penso na vontade que tive de não dizer nada e no peso que iria carregar sempre se não tivesse dito. E então, falei. Disse tudo…tudo o que me tinha passado pela cabeça, tudo o que tinha pensado e que esperava, do fundo do coração, nunca ter que te dizer nem te fazer sentir. E enquanto dizia, ia-me sentindo cada vez mais perdida como se tivesse escolhido um caminho sem retorno possível. Senti, naquele momento, que te adorava, mais do que tudo e que te estava a perder para sempre. Percebi que me escorregavas por entre os dedos a cada segundo que passava e que, independentemente do que eu viesse a fazer ou a dizer, nunca irias voltar para mim e que nada iria ser como há poucos minutos. Então, choramos para tentar superar tudo o que vinha pela frente. Tu, por saberes que não irias conseguir ultrapassar tudo aquilo e que por isso, nunca me irias perdoar. Eu, por outro lado, sabia que teria que fazer de tudo para que me perdoasses.
Sabes o que me doeu mais naquele momento? Foi pensar que podias ser o amor da minha vida. Aquele que toda a gente diz que só há um. Comecei a perceber que nos estávamos a perder para sempre. E se tivesse que viver o resto da vida a aprender a gostar das pessoas por não te puder ter comigo? Imaginei essa dor de aprender a gostar; de me lembrar de ti de cada vez que olhasse dentro dos olhos de quem me quisesse bem; de que a qualquer momento me iria lembrar de ti e te poderia ver ali, à minha frente, no lugar de quem lá estaria realmente. E chegarei mesmo a lembrar-me – consegui sentir essa dor em antecipação.

Dou voltas e voltas à cabeça para tentar perceber se ficou alguma coisa por fazer ou por dizer, para que me pudesses perdoar, e para que pudéssemos continuar do ponto onde parámos. E é também nestes momentos que penso, onde será que nos perdemos, se é que algum dia nos conseguimos perder. Fico a pensar nas juras de amor que fizemos em todos os (milhares de) olhares que trocamos ao longo da nossa existência, juntos. Também me perco a imaginar-te perto de mim, todos os dias, como antes, penso nas vezes em que te lembras de mim, de nós. Morro por te perguntar se ainda sentes a minha falta, se o teu coração ainda bate mais depressa de cada vez que eu me aproximo, se te sentes nervoso e com vontade de me sorrir quando falas comigo, quando estás perto de mim. E depois, no meio destas vontades todas, no meio da angústia deste “voltar a casa”, como quem vai reencontrando pedaços de vida, que foi perdendo, ou esquecendo ao longo do caminho, já não sei se penso em ti, ou nas pessoas que tentei que se parecessem contigo, que fossem um espelho fiel de ti.»

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Ideias (mais ou menos) descabidas - parte V.


«Depois dessa noite passou a ser (quase) impossível estarmos separados; ainda tentamos ir com calma e perceber melhor o que estava a acontecer, mas foi impossível resistir à química que havia entre nós. Foi tudo tão avassalador que não houve lugar para dúvidas ou hesitações; houve apenas espaço para uma certeza: queria-te mais do que qualquer outra coisa no mundo. E tu querias-me ainda mais; senti isso tantas vezes: a nítida sensação de que, para ti, não existia mais ninguém – real ou imaginário – que pudesse um dia estar no meu lugar.
E foi, mais ou menos, assim que começamos a namorar – sem um pedido oficial e com todas estas certezas bem misturadas entre nós. Nunca tinha sido tão feliz e – ao contrário do que dizem – o tempo não passou a voar por estar tão bem, muito pelo contrário: a cada dia que passava sentia que os segundos, os minutos e até horas se duplicavam para ter mais tempo contigo. Os dias contigo pareciam sempre infinitos, como se tivesse todo o tempo do mundo para estar ao teu lado.
Foi assim que nos tornámos inseparáveis e, praticamente, a extensão um do outro. Não passávamos um dia sem nos vermos e contávamos todos os segundos até ao próximo encontro. Não sei muito bem explicar o que sentia quando, por algum motivo, não estávamos juntos; não sei se chamar-lhe vazio seria chamar-lhe bem, mas uma boa parte de mim ficava à toa sem ti. Esta foi a primeira coisa que me assustou na nossa relação: as emoções vertiginosas que provocavas dentro de mim e que se transformavam – rapidamente – numa sensação de abstinência. Sentia-me perdidamente viciada: em ti.»

Para quem tem andado distraído: é só carregar em ideias (mais ou menos) descabidas, ali em baixo nas etiquetas, e ficam logo a par das novidades desta "rubrica/projecto" do DreamCate :)

domingo, 21 de junho de 2015

Por favor, que não seja mais tarde!


Hoje é dia de mais uma rubrica no A Few Lines; e esta semana decidi recordar com os leitores um texto que já tinha sido publicado no DreamCate. Espero que gostem de o reler! :)

Sinto que, sem sombra de dúvidas, me encurralaram. Sim, sinto que fui encurralada. Ao longo do tempo fui sendo, suavemente, encurralada. E agora, chegado este momento, que percebi não haver por onde fugir vou ter mesmo que parar. Vou ter que parar para pensar e, quem sabe, descobrir como sair daqui.
Primeiro gostava de perceber como vim aqui parar e como, de repente, não há uma saída. Também gostava de entender porquê que não vi que estava a chegar a este beco. Talvez não seja um beco sem saída, mas sim uma parede fria onde sou obrigada a encostar-me de cada vez que as espadas ficam apontadas na minha direcção.
Seja como for, tem que haver como escapar - pelo menos é nisso que penso quando olho para o céu azul ou para as estrelas na escuridão. É difícil olhar em frente quando estamos assim - encurralados, num beco sem saída ou com espadas a encostarem-nos à parede - mas podemos sempre olhar para cima e perceber o espaço que ainda temos para crescer.
Quero acreditar que olhar à minha volta e ver tudo aquilo que quero, e ainda não alcancei, me vai fazer descobrir o caminho para as alcançar. Quero acreditar que nenhum beco me vai impedir de ver as inesgotáveis opções no horizonte. Quero, e vou, acreditar nas boas ferramentas que me podem ajudar a sair daqui; e até nas más, que me vão trazer a sabedoria necessária para não as utilizar.
Eu sei que, mais cedo ou mais tarde, vou sair daqui. O meu único medo: é que seja mais tarde. Estaria tudo bem se eu fosse a, única, responsável por esta situação; mas não, não sou e isso é que me custa (dói mesmo). Custa-me, também, ver o tempo a passar e saber que, mesmo que eu seja capaz de sair, ele nunca vai voltar para trás.

Podem ver aqui o post referente a este texto no blog.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Pequenas histórias #1


Estou a escrever-te outra vez. Demorei alguns minutos até escrever a primeira frase; confesso que foi difícil – primeiro – controlar um sorriso e – depois – uma gargalhada. Ainda estou a tentar parar este riso, que só aparece quando não deve, porque nada disto tem graça.
Deixaste-me, aqui, sozinha na única vez que te pedi para ficares. Não te estou a condenar, porque a verdade é que, até hoje, te abandonei sempre que pude. E, por mais que me custe, sei que o irei fazer mais vezes. Não consigo, mesmo quando quero, ficar quando estás ao meu lado; quando estás só comigo e me queres inteira só para ti. Quando te conheci pensei que fossemos como ímanes, sabes? Pensei que a tua proximidade seria, por consequência, a minha proximidade também. Acreditei que desta vez seria capaz de ser inteira contigo; mas talvez me tenha esquecido de uma coisa: entregar-me sem reservas. Porque a verdade é que se uma parte de mim quer, finalmente, deixar de resistir, a outra só consegue procurar a saída mais próxima.
E agora, estou eu aqui – sentada na minha cama (que tantas vezes foi nossa) – a pedir-te para voltares. Só eu para cair, repetidamente, nestas contradições e achar graça a esta ironia. Sim, ainda não consegui parar este (maldito) riso.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ideias (mais ou menos) descabidas - parte IV.


«Comecei a imaginá-lo ao meu lado, todos os dias, a conversar e a rir-se – muito – comigo. Imaginei mil diálogos, retratei outros tantos ao espelho e esperei, muitas vezes, que ele estivesse do outro lado para me responder. Foi sempre assim quando gostei de alguém: uma grande peça de teatro a acontecer à minha volta e que mais ninguém vê. Não foi diferente com o Luís; a única coisa diferente foi a estranheza com que encarei esta nova peça de teatro na minha vida. Primeiro veio a culpa – essa maldita – por me sentir, assim, tão bem e, de certa forma, feliz. E depois veio o medo de estar feliz – não era suposto continuar triste?
Tive medo de ensaiar esta peça, de decorar o texto, de experimentar o figurino e de que chegasse – finalmente – o dia da estreia. Tive medo de nunca mais o ver – e só o tinha visto duas vezes – e de que esta sensação de corpo leve não desaparecesse. Tive, no fundo, medo de que este fosse só mais um sentimento pesado de mais para mim. Estaria eu pronta para que esta peça se tornasse realidade? Mesmo sem saber a resposta a esta pergunta, o Luís não me saia da cabeça; e então, não lutei contra isso e deixei-o ficar.»

Para quem não conhece esta saga das ideias (mais ou menos) descabidas, pode encontrar o restante aqui, aquiaqui e aqui :)
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