sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Estou tão farta.


Estou tão farta. Estou tão farta deste país onde nasci. E não é que eu não goste de cá viver, o problema é exactamente esse – estou tão farta de gostar tanto daqui estar. Agora que coloco estes pensamentos no papel percebo que fazem muito pouco sentido, ou nenhum sentido, mesmo. Mas é exactamente isso que se passa – estou farta de me deixar ficar, aqui, à espera que, um dia, quem sabe, as coisas melhorem. Começo a acreditar que isso possa não acontecer a tempo de eu conseguir realizar os meus projectos – a tempo de eu ser independente, sair de casa dos meus pais e de apenas, viver a minha vida. E não, não estava a pensar em nenhuma volta ao mundo. As extravagâncias estão há muito guardadas num bolso, já que infelizmente, é disso, apenas, que eles estão cheios. Extravagâncias ou sonhos entendam como quiserem. Estou tão farta de ver os dias passar, assim, tão depressa e tão devagar - com a mesma ansiedade de quem espera há muito tempo pela melhor notícia e vai recebendo, em suaves prestações, as menos boas. E quem diz os dias diz, também, um bocadinho da vida. E eu sei que vou ter que dar o braço a torcer, como se costuma dizer, e vou ter que, até me custa dizer, desistir. Até me custa dizer – desistir. Mas eu queria ganhar, caramba. Queria ganhar só para que tu perdesses, mais um bocadinho, do pouco que te resta. E é tão pouco! A verdade é que ainda espero poder negociar contigo, chegar a um acordo, para que ganhemos os dois. Maldito optimismo. Estou tão farta. Estou tão farta deste país onde nasci!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

É fácil gostar de recomeços.



Não sei explicar muito bem porquê que sempre gostei tanto de recomeços. Recomeçar. Não significa para mim perder tudo e começar do zero, não é isso, ou melhor, não é só isso. Recomeçar do zero dói, dói muito até. Mas também nos permite perceber o que realmente queremos e o que precisamos, mesmo, de deixar para trás. Recomeçar do zero tem tanto de doloroso como de excitante, se soubermos reinventar-nos em todas as esquinas que tropeçarmos e se formos capazes de perceber que há coisas que nunca viveríamos se não tivéssemos recomeçado. E há tantas coisas boas para viver em recomeços!
E depois há uma outra forma de recomeçar, todos os dias, com tudo o que já temos, reinventar-nos para criar um caminho novo ou para continuar os antigos que precisam de um lufada de ar fresco. Reinventar-me para não ser sempre a mesma, mas para ser sempre coerente com aquilo que sou. Assim, é fácil gostar de recomeços.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Tu estás sempre aqui.


Sabes, tu estás sempre aqui. Mesmo quando não estás. Mesmo quando te quero ver, ficar só a olhar para ti, como se nunca o tivesse feito antes. Ou então quando te quero tocar, para ter a certeza de que és real e já não fazes parte de nenhum sonho – para me certificar de que já estreaste, para mim. E quando quero sentir o teu cheiro, para não correr o risco de o esquecer e de o poder recordar, sempre que desejar. Quando quero sorrir-te, só para que olhes para mim e me vejas mais uma vez – preciso que me vejas sempre. Mesmo quando te quero abraçar, para sentir mais uma vez que estou segura. Que no teu abraço, há segurança e muito conforto sempre que eu precisar. E quando eu não precisar, também. Mesmo quando não estás, tu estás sempre aqui. 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Em voz alta.


Sempre gostei de sonhar alto. Não de sonhar com os impossíveis, mas de sonhar em voz alta, como se a vida fosse uma grande peça de teatro, com estreias diárias e algumas repetições – ou não fosse a felicidade uma repetição viciosa dos nossos sonhos. Sempre gostei de falar sozinha, de imaginar as falas dos protagonistas, os cenários e principalmente o que aconteceria depois. Depois de imaginar, de criar e de sonhar. O que aconteceria depois? Sempre gostei de acreditar que talvez não fosse bem um sonho, mas um projecto, bem estruturado, do que poderia acontecer num futuro próximo. Ou talvez longínquo, muito longínquo. Tenho tantas peças por estrear, tantos ensaios por realizar e tantos cenários para construir! Talvez acorde um dia destes e perceba que afinal chegou o dia, que não sonhei em vão e que vamos estrear mais uma peça. Vai chegar o dia. Sempre gostei de sonhar alto, não vou deixar de o fazer agora.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Até amanhã, meu coração.


Não tenho ciúmes de quem te percorre o corpo e te faz ferver, de quem se atira nos teus braços e te tira de ti (mim). De quem te quer tanto como eu e até te tem mais tempo por perto, enquanto eu me perco sozinha e me esqueço de ti (nós). Arrisco-me até a dizer que nunca tive ciúmes antes, mas agora, tenho um medo terrível que alguém se mude de mala e cunha, e ocupe esse teu coração. Que seja estendida a toalha e o jantar seja servido todos os dias, religiosamente, à mesma hora. E que tu, sejas servido.
E que quando ele deixar de ser servido, tu não voltes, nunca mais. E que eu me mude, quase definitivamente para outro coração, sem me dar conta que no teu, ainda havia espaço para mim. Que sempre tinha havido, e já seja tão tarde para eu voltar que me vá doer tanto que eu não consiga ficar sem ti por perto, que eu sofra o amor em vez de o viver sem pensar, de o fazer todos os dias de manhã ao acordar, entre palavras e corações. Entre o meu sorriso e o teu, um beijo e um abraço. Sem nunca ouvir um, Até amanhã, meu coração.


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O DreamCate no Blogging.


Hoje trago-vos um post diferente do habitual. E hoje é o melhor dia para o fazer, pois como já devem ter reparado, o DreamCate está de cara nova! 

Vou falar-vos um bocadinho do Blogging. Muitos de vocês já devem ter ouvido falar desta plataforma de divulgação de blogs, que os divide em categorias e ajuda quem procura a encontrar o que pretende. É uma boa forma de divulgar o nosso blog e a adesão é muito simples: basta contactar o Blogging através do email, colocar o logotípo do Blogging no vosso próprio blog e fazer um post alusivo ao Blogging.  

O DreamCate já aderiu :) e vocês, do que estão à espera?


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A percepção do tempo.


Um jovem sábio disse-me uma vez que “o tempo só passa depressa durante o fim de semana, mas quando estou na escola demora sempre muito a passar…não devia ser assim!”. Na verdade, ele diz-me isto sempre que lhe pergunto pelas novidades da vida dele, em jeito de reclamação, que ele espera que possa ser ouvida e resolvida em breve. Digo-lhe sempre o mesmo, que tem toda a razão. Que quando fazemos as coisas que mais gostamos e passamos o tempo com quem é realmente importante, o tempo voa o mais rápido que consegue. Depois fico a pensar como o próprio tempo mudou com o tempo, se agora até os mais pequenos sentem o quão estranha é a percepção que temos do passar das horas, dos minutos e dos segundos. Pensava eu, na minha ignorância, que só os mais crescidos sentiam esta sensação de que o tempo é infinitamente mais pequeno quando fazemos o que nos apetece, o que nos dá mais prazer e quando somos, simplesmente, felizes.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

É a vossa vez, a minha fracassou.


Se hoje me corre nas veias o suor que gastei para vos mudar, amanhã, vai correr o cansaço que (quase) nunca valeu a pena. Graças a alguma coisa, já não há vontade de remar contra marés nem de me matar em esforços para nada. Desculpa se mesmo quando te tenho à minha porta, só para mim, te dispenso sem palavras. Dispenso a vontade de teres vindo, o brilho dos teus olhos, o calor da tua boca e até o sentimento, que pode ser pequenino, mas que guardas no coração, como que com vontade de me agradar. Desculpa-me pela necessidade que tenho de estar sempre a tentar ultrapassar alguma coisa, mesmo que eu só tente ultrapassar a “minha desculpa” para não ter que te sorrir e dizer que está tudo bem. Para que eu possa sempre ter um pé atrás e outro à frente, no caso de me decidir por ficar. E é só na ressaca dos meses que passam, que te percebo no meio das minhas recordações como mais que qualquer uma delas, mas chegou a minha vez de me sentar e de viver mais na minha do que na tua vida.

CateAndrade

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Quem me dera.


(quem me dera) que o teu ouvido estivesse sempre cá, para eu poder gritar todas as raivas que me passam pela cabeça, que o teu ombro fosse o meu amparo, nestes dias de chuva, que o teu peito fosse a minha almofada nas noites de insónias, e naquelas em que durmo nos intervalos dos meus sonhos, onde acabas sempre por aparecer. Que não tivesse que dizer nada, que os olhares, os gestos e até os silêncios que não pareço dizer, mas que são como as palavras mais difíceis de sentir entre os lábios, fossem sempre suficientes para saberes que não há falta maior do que aquela que me fazes, todos os dias. (quem me dera) que nunca tivesses que saber toda a falta que me fazes, porque ias com certeza estar sempre aqui, comigo.

CateAndrade

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Nunca soubeste lidar comigo.


Nascem e morrem de repente. Nem sei que nome lhes dar. Fazes parar as minhas sinapses, perco-me de mim e sei tão bem o que dizer que não digo. Soltam-se os sentimentos mais puros e mais feios que conheço, em gestos e olhares. As palavras morrem antes de nascer. Fazes de mim um figurante quando sabes melhor que ninguém que o protagonismo é para mim agora. As lágrimas enchem-me os olhos, obrigado por fazeres de tudo para nunca me esquecer delas. Nascem umas atrás das outras, como células cancerosas, sem programação de morte. Revejo-me por dentro vezes sem conta, chego mesmo a odiar tudo, até que percebo que és tu que vês mal, que só olhas para o que não sei fazer melhor. Que me lês os defeitos como quem me lê a alma de raspão, como quem não me conhece nem com os olhos de ver por fora. Nunca soubeste lidar comigo.

CateAndrade

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Domingos.


Há muito tempo que descobri que não gosto nada de Domingos. Toda a gente fala nas malditas segundas-feiras de todas as semanas de todos os anos das suas vidas, eu falo dos Domingos. São o pior dia de qualquer semana, por mais coisas bonitas e interessantes que eu faça, por mais momentos inesquecíveis que me possa proporcionar, nada consegue acabar com esta maldição dos domingos. São estranhamente nostálgicos, como se nos quisessem puxar para trás e nos sussurrassem ao ouvido para “não avances mais, já chega…fica aqui, não vás!”. E são estupidamente indefinidos, ora são o último dia da semana ora são o primeiro. Não há nada pior do que acabar e começar no mesmo instante, sem tempo para respirar. É mais ou menos como despedirmo-nos de alguém de quem gostamos muito: Não queremos desfazer-nos de quem tem que ir num abrir e fechar de olhos. Mas quando fechamos os olhos, bem devagar e respiramos fundo, sentimos que já desapareceram. Quando voltarmos a abrir os olhos, estaremos sozinhos (sem ti). Os Domingos são assim.

CateAndrade

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Pensei em ficar calada.

Pensei em ficar calada, o que costuma ser sempre conveniente quando digo disparates, ou então quando digo coisas que as pessoas não gostam de ouvir(o que não têm que ser necessariamente disparates), mas acho que não devo. A verdade, é que eu acordo e adormeço muitas vezes com a sensação de que ficaram coisas por dizer, por fazer, que devia ter vivido mais uma hora neste ou naquele dia, que devia ter mandado o tempo parar para eu não me atrasar (ainda mais). Sinto que devia, ou que me fazia bem, gostar tanto de “vocês” como de mim, que devia ter tantas saudades “vossas” como minhas, quando fico para trás num dia, numa semana ou num mês qualquer.  Mas não, sinto-vos indiferentes, e isso vai-me incomodando, vai-me comendo a cabeça e faz-me pensar em tantos porquês, que chego mesmo a perder-me. Acho que também gostava que os “vossos” sorrisos fossem realmente sinceros, que eu pudesse até confiar neles, não gosto quando tenho que duvidar. E preferia que o meu coração soubesse de cada vez que vai ter que bater mais depressa, para eu puder controlar os meus olhos, o meu sorriso, as minhas palavras e tudo aquilo que me possa, eventualmente, denunciar. Também já devias saber, que eu não quero que me vejas nunca mais (e tu sabes).

CateAndrade

Este texto é antigo, muito antigo, mas actual na revolta de quem não se cala, seja de que maneira for.
#JeSuisCharlie #CharlieHebdo

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Passividade.


Falta uma hora de tarde e pouco mais que um palmo de horas para o dia acabar. E eu ainda tinha tanta coisa para fazer, para ver e para sentir. E passam horas e dias assim, nesta passividade, convencidos que estamos por cá. Mas não, estamos por fora, muito fora mas sempre a tentar estar por cá. A tentar fazer alguma coisa que realmente valha a pena e que nos faça acordar no dia seguinte. Que nos faça, simplesmente, acordar no dia seguinte.
Se pesar as horas em quilos, as medir em metros e as multiplicar pelo desespero de as ver passar com esta passividade, corremos o risco de eu desistir antes de saber o teu nome, antes até de sentir a tua respiração suave no meu ombro.

CateAndrade

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Nunca vou gostar de te ver partir.


Nunca gostei de te ver partir. O aperto no peito, a sensação de ficar pela metade e num constante compasso de espera. Nunca gostei. Os primeiros dias são os mais longos, parece que nunca mais chegas outra vez. Parece que duplicam os dias de propósito, como se um simples dia sem ti não fosse o suficiente para todas as saudades que me matam por dentro. Depois, quando se aproxima o dia de regressares, outra vez para mim, as horas tornam-se mais leves, os minutos mais rápidos e os segundos deixam de existir. Entra tudo em contagem decrescente para te ver chegar, se demorasses mais um bocadinho tenho quase a certeza de que o tempo começava a voar.
E já te disse que está sempre um lindo dia de sol quando voltas para mim? Mesmo quando chove lá fora.
Nunca vou gostar de te ver partir.

CateAndrade

sábado, 3 de janeiro de 2015

Mas gostava de estar.


Eu não estou sempre aqui.
Raramente estou em mim, mesmo quando te sorrio e te passo a mão na cabeça
Eu não estou sempre aqui.
Até quando danço e me desfaço no meio de ti
E nos momentos em que me esqueço de tudo
Eu não estou sempre aqui.
Nem quando falo pelos cotovelos e me rio em gargalhadas até não poder mais
E mesmo quando choro e insisto em dizer que estou triste
Eu não estou sempre aqui.
Mesmo quando gostas de mim.

CateAndrade
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