terça-feira, 20 de setembro de 2016

A coragem de (não) saber ficar.



Sempre me perguntei de onde vem a coragem. A coragem para fazer a coisa mais difícil do mundo. A coragem para dizer tudo o que sentimos. A coragem para não dizer absolutamente nada, quando temos tanta coisa para dizer. E a coragem para, simplesmente, virar as costas ou ficar no mesmo sítio quando tudo se desfaz.
Pergunto-me, tantas vezes, de onde vem a coragem, que talvez já tenha esbarrado com a resposta certa umas tantas outras vezes.
Talvez a coragem esteja exatamente em todas aquelas coisas pequenas, e aparentemente insignificantes, que fazemos quase todos os dias. Naqueles momentos em que o nosso coração aperta um bocadinho mais – como se, por segundos, tivesse sido esmagado –, por termos feito o que devíamos. São aqueles momentos em que viramos costas com determinação e juramos olhar para trás apenas quando for seguro não olhar mais ninguém nos olhos. Ou os momentos em que olhamos para trás, a tremer, por não sabermos se alguém ainda lá está à espera para nos acenar pela última vez. Ou, então, quando temos que saber ficar exatamente onde estamos, em vez de correr para quem mais queremos; quando temos que ficar sem todos os abraços que queremos (e de que precisamos) e quando todos os discursos se transformam em longos sorrisos que, esperamos nós, cheguem ao outro lado a gritar «não, não tenho nada para dizer».
A coragem é uma coisa esquisita, porque, na maioria das vezes, é cobarde e faz-nos ficar onde estamos. Exatamente onde estamos. Exatamente onde temos que estar. Exatamente onde precisamos de estar.



quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Há momentos em que tens de ir.

Há momentos em que tens de ir. Tens, simplesmente, de ir. Tens de perceber que não há volta a dar, que, por mais que os pensamentos te atormentem e que as mil e uma ideias que tens, a cada segundo, te façam querer virar costas e parar, tu sabes que tens de ir. E este ir é tão vazio e tão vasto. Ir para onde? Ir com quem? Ir fazer o quê? E podíamos ficar aqui uma vida inteira em perguntas. E a verdade é que ficamos mesmo a vida inteira em perguntas, em ses e em sonhos.
E por isso é que há momentos em que temos mesmo de ir. Calar as perguntas, descobrir os ses e realizar os sonhos. Ou, então, acabar com eles de vez, se for caso disso. Só assim podemos perceber qual é o nosso lugar, de uma vez por todas. Só assim podemos dizer que sabemos o que queremos. E nem sempre vamos encontrar exatamente o que procuramos, nem aquilo que sempre desejamos. Essa é uma das partes mais difíceis do caminho: vais desejar nunca ter saído de onde sempre estiveste. Mas acredito que, algures a meio do caminho, encontramos aquilo de que realmente precisamos e é, então, que tudo fica mais leve.
A partir desse momento, já sabes para onde tens de ir. Por muitas dúvidas que tenhas, sabes exatamente para onde deves ir. Porque a coragem, de que precisaste para te levantares e ires pela primeira vez, vem a dobrar quando descobres o caminho certo.

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