domingo, 30 de outubro de 2016

Vale a pena ficar sem chão.


Gosto de encontrar uma explicação para tudo o que acontece. Um significado. Um porquê. Uma justificação que ajude tudo a ficar no lugar certo. Uma justificação que me ajude, nem que seja por uns momentos, a acreditar que tudo está como devia estar. Um significado, um porquê, uma justificação que me dê a sensação (confortável) de que tudo está sob o meu controlo. Quando, na verdade, nada está. Nada.
E, então, no meio de tudo o que me passa pela cabeça, não consigo deixar de pensar que talvez nada tenha realmente significado e que tudo esteja a acontecer ao maior dos acasos. Imagina: tudo na tua vida – os momentos, as pessoas, tudo o que tens – são meros acasos. Sem um significado. Sem um porquê. Sem uma justificação. Se em algumas situações este pensamento traz um alívio gigante, em outras deixa-te sem chão: afinal, de onde é que vem aquela sensação no peito que não te deixa parar de disparar significados?
Talvez não haja uma resposta certa. Talvez, às vezes, haja significado e, outras vezes, não. Talvez o significado venha com os acasos que ficam com todos os momentos que merecem ficar e ser mais do que isso. Talvez.
Prefiro acreditar, todos os dias, que, cada vez que o meu coração acelera, que os meus olhos brilham e que todos os meus pensamentos parecem certos, vale a pena ficar sem chão.

sábado, 29 de outubro de 2016

É como criar dias de sol nos dias de tempestade.


É quase como deixar que os meus dedos deslizem pelo teclado e criem qualquer coisa. É isso. É como criar. É como criar dias de sol nos dias de tempestade ou, então, dar aos vilões a dignidade suficiente para conseguir sentir falta deles. Acho que é o mais parecido, que conheço, com um mundo encantado, daqueles que não existem. É como se me sentasse em frente ao computador e procurasse inspiração no fundo de mim, naquilo que eu sinto ou já senti, mas depois virasse tudo ao contrário.
E viro mesmo tudo ao contrário. Experimento ver o meu mundo do avesso, enquanto sei que nada do que crio é verdade. Só quero tentar perceber como seria tudo de outra forma, se eu tivesse mesmo que estar num papel que não deveria ser o meu. Só para aquele acaso improvável de o meu papel, realmente, mudar.
Até lá, vou-me rindo, porque, no final de contas, é só mais uma brincadeira. Até ao dia.
Até ao dia em que acordas com a vida do avesso, num papel que não é o teu – nem devia ser o de ninguém -, e percebes que imaginar poder ser mesmo fantástico. Tão fantástico que (quase) se torna fácil perceber, depois, o que aí vem.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Porque viver é mesmo assim.


E depois há dias que te mostram que vale a pena acreditar sempre; que, mesmo quando tudo desaba à tua volta, vale sempre a pena guardar um bocadinho de esperança (ou o que lhe quiseres chamar) para todos os dias seguintes que tens pela frente. Porque isto de viver é mesmo assim: há dias que começam com chuva e terminam com o melhor pôr do sol que já viste; e outros que te derrubam com um temporal, quando ainda pensavas que o sol brilhava lá em cima.
E vai ser sempre assim: mesmo quando pensares que é desta que és feliz para sempre. A verdade é que isso não ia ter graça nenhuma — acordares um dia a saberes que todos os dias iriam ter o mesmo pôr do sol. Aprende a aproveitar todos os temporais, mesmo que, no imediato, não encontres nenhum arco-íris. Talvez até aprendas a dançar debaixo da chuva e a rires de tudo o que te derruba: depois disso tens poucas coisas difíceis pela frente.
Depois, vais perceber que (quase) tudo acontece no momento certo e que os melhores momentos acontecem depois das tempestades. Que todas as coisas boas guardadas para ti aparecem, invariavelmente, para te salvar. Porque, quando precisas de te salvar, o sol, simplesmente, aparece. E haverá melhor momento para isso, quando até já aprendeste a dançar à chuva?

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

É como acordar de um sonho.



Não consigo encontrar as palavras certas. Estou à volta disto tempo suficiente para saber que me incomoda e me revolve as entranhas ter que pôr isto cá para fora. Nunca sei explicar muito bem esta sensação de começar de novo, de voltar ao ponto de partida vezes sem conta, enquanto teimo em seguir – sempre – em frente.
É como se, de repente, já não houvesse mais ar para respirar, ou como se todo o ar respirável – o ar realmente bom – tivesse ficado todo para trás. Nos primeiros momentos fico à toa, sem conseguir perceber o porquê de tudo (não) estar a acontecer, e tento, desesperadamente, voltar atrás. Não demoro muito tempo a perceber que não consigo, que é fisicamente – e em qualquer outro plano paralelo – impossível voltar atrás. É irremediavelmente impossível voltar e ficar lá, parada – nem que seja só a respirar –, por mais um bocadinho. Não dá e é neste momento que tudo dói: não há nenhuma parte do meu corpo que fique indiferente.
Ainda tento negar tudo por mais uns momentos – vou ter tanto tempo para sentir a realidade –, enquanto revivo tudo, mais uma vez, na minha cabeça; até que depois chega a momento de aceitar que é definitivo. Respiro fundo pela primeira vez, habituo-me gradualmente ao ar que tenho que respirar e aceito (nem sempre totalmente) que, daqui a menos de nada (às vezes, demora tanto), tudo vai passar.
Acho que é como acordar de um sonho. Começas a sonhar tranquilamente, a adorar cada segundo, a fazer de tudo para que cada um daqueles momentos nunca acabem e sentes – mesmo que por breves instantes – que nada daquilo pode, realmente, terminar: já ninguém os pode roubar de ti. E depois, quando te esqueces que estás a sonhar, acordas, abruptamente, para a realidade.

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