São quatro da manhã. São quase sempre quatro da manhã quando abro os olhos – a mim parece-me tudo de repente, mas tenho a certeza de que tudo está a acontecer lentamente – e sinto esta estranha sensação de ter acabado de aterrar no sítio errado. Fico uns momentos a tentar perceber o que me fez acordar do sono profundo. Tento perceber o que me fez (tão de repente) despertar, revirar mil vezes pela cama e não conseguir voltar a fechar os olhos.
E não preciso de tempo nenhum para o perceber, porque o sei desde o primeiro instante em os meus olhos abriram. Mas também sei que prefiro não o admitir no imediato. Que vou precisar de tempo – daquelas mil voltas pela cama – para finalmente o poder gritar a mim mesma. Enquanto isso, continuo a sentir tudo do avesso, como se eu própria tivesse voltado (dos sonhos) ao contrário. Como se meia dúzia de horas de sono me tivessem transformado: é um estranho vazio que, por alguns (longos) momentos, não me deixa. Parece que só está ali, comigo, para me lembrar de que, às vezes, é preciso acordar. Que é preciso acordar dos sonhos a tempo de os viver, que é preciso dar mil voltas para encontrar o caminho certo e que é possível andar em todas as direções. Acho que só está ali para me mostrar que é possível.
Acho que, na verdade, não me deixa até que finalmente admito – para mim mesma – tudo aquilo de que preciso. Não me deixa até que respiro fundo e dou sentido à imagem do último sonho; àquele último instante, antes de acordar, que fez tudo valer a pena; aquele último suspiro, antes do coração disparar, que me fez acordar para matar as saudades.
Sei, desde o instante em que os meus olhos abriram, que voltei – nem que seja por breves momentos – para matar as saudades.
Mais uma vez, adorei as tuas palavras minha querida!
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Fantástico!
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