domingo, 31 de maio de 2020

It´s not even fair.


Penso na vontade que tenho que todas as pessoas que estão (sempre) à nossa volta desapareçam; mesmo que só esteja uma pessoa por perto, longe o suficiente para não nos ouvir, sinto que sempre que estamos juntos temos uma multidão por perto. Penso, depois, no que gostava que acontecesse se estivéssemos (completamente) sozinhos: acredito que penses no mesmo. 

Sinto que “nós” – que isto tudo que nos une – é tão certo que chego a duvidar da minha (in)sanidade mental. Espero o momento certo para te sorrir – enquanto peço mais uma vez para estarmos sozinhos – porque sei que me vais sorrir de volta; e tu sabes, o teu sorriso não é justo. O teu sorriso é o mais injusto de todos, porque me faz ter a certeza de que te quero por perto, de que te quero tocar e de que, vá para onde for, te vou levar comigo. 

E depois percebo – no meio da minha tentativa de te sorrir melhor, não quero por nada ficar atrás da tua injustiça – que talvez o teu sorriso seja apenas tão justo como tu: espontâneo e verdadeiro como és sempre que olhas para mim. Percebo, quando finalmente tenho que desviar o meu olhar do teu, que não fazes a mínima ideia do quão bonito és e do que me fazes sentir: não sou a mesma desde que começaste a olhar para mim.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Como se o mundo todo coubesse nos nossos braços.


Às vezes é difícil admitir a tua presença, todos os dias, em mim. E é difícil apenas por um motivo: é real. Todos os dias és real. Mesmo a milhares de quilómetros de distância, sem me poderes tocar, ou mesmo sorrir, és tão real que não permites que o meu coração deixe de acelerar de cada vez que apareces nos meus pensamentos. E já disse que apareces muitas vezes?
Às vezes adormeço a pensar em ti. Fecho os olhos e lá estás tu, a olhar para mim e a sorrir. Não consigo adormecer, fazes o meu coração acelerar – mais uma vez –, mudo de posição e viajo, já quase a sonhar, para aquela última vez em que te vi: a acenares ao longe, a abraçares-me ou a olhares para mim – incapaz de desviares o olhar. E depois, no meio de alguma destas recordações, acabo por adormecer, embalada por esta sensação de gostar de ti que trago no peito.
Às vezes acordo a pensar em ti. Abro os olhos e o primeiro pensamento és tu. Não queria que fosse, juro que tento que sejas só um pensamento – e não o primeiro –, mas, invariavelmente, lá estás tu. Luto contra até que me deixo sorrir no meio de mais uma recordação tua (nossa) que guardo comigo.


E depois de todas as conversas e de ouvir tantas verdades juntas (impossíveis de admitir fora de parêntesis), fico com a mesma (estranha) sensação dentro de mim: como se continuasses por perto.
Ainda sou capaz de ouvir o teu silêncio, como se estivesses aqui ao meu lado. Hoje acordei a pensar em ti. Não, é mentira. Acho que acordo a pensar em ti todos os dias, mesmo naqueles dias em que já não faço disso algo importante: daquelas coisas que adorava contar-te ao ouvido. Hoje acordei a pensar no silêncio – no teu silêncio.
Quando eu estava de costas e tinha a certeza que olhavas para mim e sorrias: sorrias tanto. Ou quando te deitavas ao meu lado para dormir, mas não resistias a encostares-te a mim para teres a certeza de que sentia o teu corpo (todo) junto ao meu antes de adormecer. Ou então daquelas vezes em que me abraçavas do nada, como se o mundo todo coubesse nos nossos braços: o meu cabia.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

As certezas são jóias raras.




Numa parte do tempo, penso na força e na determinação que preciso de encontrar para conseguir, da melhor maneira possível, enfrentar tudo o que vem pela frente. Na força que preciso para perceber que a realidade nem sempre é o que parece e que aquilo em que queremos acreditar, desesperadamente, nem sempre pode ser verdade. E depois, terei que encontrar a determinação para dizer a mim mesma, e a quem precise de ouvir, que as certezas são jóias raras e, por isso, quase inexistentes: quando as encontramos, temos que nos agarrar a elas como se a nossa vida dependesse disso.

Mas enquanto me faltar a força e a determinação, sei que vou passar a maior parte do meu tempo a pensar em ti e na maneira como fazes o meu coração disparar de cada vez que olhas para mim. Vou pensar nos dias em que não te posso ver e em que o meu coração acelera ainda mais; e depois em todos os segundos do meu dia em que vagueias pela minha cabeça – chego a pensar que te mudaste para lá – e que não me deixas colocar os pés no chão e sentir a realidade (ou será esta a minha realidade agora?). E até quando adormeço e espero alguma paz, lá estás tu a aparecer em todos os meus sonhos; e sou tão feliz quando sonho contigo. Na verdade, talvez sejas exactamente a paz de que preciso: este alvoroço que não me deixa respirar, que me faz acordar angustiada por saber-te tão longe (e tão perto) e por estas terríveis saudades que sinto de ti (e por ti) em antecipação.

Vivemos um quase nada gigante e eu já descobri contigo um dos piores (melhores?) sentimentos: as saudades em antecipação. E de repente, quando menos esperava, percebo que uma parte de mim gostava tanto de viver tudo aquilo que sinto por ti. E não, não sei se desejas o mesmo e se abririas mão de tudo para ficares comigo. Na verdade, não sei quase nada, sei apenas o que sinto de cada vez que olhas para mim: quero tudo contigo.







segunda-feira, 4 de maio de 2020

O Silêncio das Palavras.




Às vezes o que sentimos não precisa de palavras. Às vezes o que sentimos é, só por si, suficiente. Às vezes o que sentimos não precisa de grandes discursos todos os dias, nem de datas comemorativas. Às vezes o que sentimos basta: tão simples quanto isto.

Quem nunca sentiu – queimar na pele – aquela velha expressão de que um olhar vale mais do que mil palavras? Quem nunca morou, no maior dos silêncios, dentro dos olhos de alguém? Quem nunca sorriu, sem palavras, perante aquele sorriso que ameaça concretizar todos os nossos sonhos? Quem nunca esperou, em silêncio, por aquele abraço apertado que é capaz de resolver tudo? Quem nunca correu para os (a)braços de alguém, com esperança de que o silêncio no meio daquele corpo possa curar tudo?

Porque, às vezes, o que realmente importa está entre as palavras: nas pausas, na respiração, no pestanejar, no movimento mais pequeno dos nossos lábios quando não dizemos absolutamente nada. Porque – quase sempre – o que realmente importa não é o que dizemos, mas as mil coisas que deixamos por dizer: os desvios de olhar, os sorrisos furtivos, os movimentos das nossas mãos para ninguém perceber que estamos a tremer. Porque o que realmente importa está – sempre – no meio dos segredos do silêncio.
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