quarta-feira, 27 de maio de 2020

Como se o mundo todo coubesse nos nossos braços.


Às vezes é difícil admitir a tua presença, todos os dias, em mim. E é difícil apenas por um motivo: é real. Todos os dias és real. Mesmo a milhares de quilómetros de distância, sem me poderes tocar, ou mesmo sorrir, és tão real que não permites que o meu coração deixe de acelerar de cada vez que apareces nos meus pensamentos. E já disse que apareces muitas vezes?
Às vezes adormeço a pensar em ti. Fecho os olhos e lá estás tu, a olhar para mim e a sorrir. Não consigo adormecer, fazes o meu coração acelerar – mais uma vez –, mudo de posição e viajo, já quase a sonhar, para aquela última vez em que te vi: a acenares ao longe, a abraçares-me ou a olhares para mim – incapaz de desviares o olhar. E depois, no meio de alguma destas recordações, acabo por adormecer, embalada por esta sensação de gostar de ti que trago no peito.
Às vezes acordo a pensar em ti. Abro os olhos e o primeiro pensamento és tu. Não queria que fosse, juro que tento que sejas só um pensamento – e não o primeiro –, mas, invariavelmente, lá estás tu. Luto contra até que me deixo sorrir no meio de mais uma recordação tua (nossa) que guardo comigo.


E depois de todas as conversas e de ouvir tantas verdades juntas (impossíveis de admitir fora de parêntesis), fico com a mesma (estranha) sensação dentro de mim: como se continuasses por perto.
Ainda sou capaz de ouvir o teu silêncio, como se estivesses aqui ao meu lado. Hoje acordei a pensar em ti. Não, é mentira. Acho que acordo a pensar em ti todos os dias, mesmo naqueles dias em que já não faço disso algo importante: daquelas coisas que adorava contar-te ao ouvido. Hoje acordei a pensar no silêncio – no teu silêncio.
Quando eu estava de costas e tinha a certeza que olhavas para mim e sorrias: sorrias tanto. Ou quando te deitavas ao meu lado para dormir, mas não resistias a encostares-te a mim para teres a certeza de que sentia o teu corpo (todo) junto ao meu antes de adormecer. Ou então daquelas vezes em que me abraçavas do nada, como se o mundo todo coubesse nos nossos braços: o meu cabia.

2 comentários :

  1. É impressionante como tempo avança, troca-nos as rotas e as presenças, mas há pessoas que continuam em nós. Como se cada detalhe seu estivesse colado à nossa pele

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