«Preparei-me para uma tarde longa e dura, pois nunca era fácil voltar a
ler e a sentir tudo mais uma vez. Sabia que estava sozinha – o Luís só voltava
à noite para jantar – e isso deixava-me mais tranquila. Não gostava que me
visse perturbada com este assunto, porque sabia que para ele era ainda mais
complicado lidar com isto tudo. Ainda hoje é o dia em que me pergunto como
seria se fosse eu a estar no lugar dele. Na maior parte das vezes não consigo
encontrar uma resposta.
Sentei-me na sala, no sofá perto da janela, e iniciei a dolorosa viagem
pelas cartas que te escrevi; ou melhor, pelas cartas que escrevi sobre ti –
nunca pensei, realmente, que as fosses ler. Comecei a escrevê-las no dia
seguinte ao término – oficial – da nossa relação. Comecei a escrevê-las porque
precisava de colocar no papel, ou em qualquer outra coisa fora de mim, tudo o
que sentia – e eram tantas coisas ao mesmo tempo. Escrevi muitas delas em
lágrimas e outras tantas com a serenidade que o passar do tempo acaba,
inevitavelmente, por trazer.
Hoje em dia muitas destas cartas, e algumas das coisas que lá estão
escritas, perderam o sentido. Continuo a sentir cada palavra com a mesma
intensidade como no dia em que as escrevi, mas não me consigo rever na pessoa
que as escreveu. Às vezes tenho a sensação de que isso não faz qualquer
sentido; nas outras vezes, percebo que sou uma pessoa muito diferente da que
era quando as escrevi. Não te amo como amava quando as escrevi, não te quero
perto de mim como queria e nem quero trazer-te, de volta, para mim. Isso eu
sei; e é tanto perto daquilo que não sei.
Ainda só tinha lido a primeira carta quando dei por mim perdida em mil
pensamentos, e recordações, que não eram mais do que a soma de todos os nossos
dias. E foram tantos, não foram? Às vezes tenho que o perguntar a mim própria,
em voz alta, para ter a certeza de que, ainda, não enlouqueci. Mas a verdade é
que foram mesmo muitos dias – para cima de muitos, mesmo. A única dúvida que me
resta é se no meio de tudo, que foi tanto, ficaram mais dias felizes ou tristes
para recordar. Não o soube dizer, ou sentir, naquela altura; e a verdade é que
também ainda não o sei agora.»
Lembram-se do post referente aos 6 meses do DreamCate? Pois é, partilhei convosco a minha vontade de continuar a escrever cada vez mais e, quem sabe, passar do blog ao papel. Vou continuar a partilhar convosco as minhas histórias e as minhas ideias (mais ou menos) descabidas! :)
Escrever é mesmo uma ótima forma de desabafarmos, de explodirmos, de retirarmos peso às coisas.
ResponderEliminarAdorei, claro!
Sendo algo tão pessoal, tão genuíno, acho que as probabilidades de passar do blogue ao papel, estão a sorrir para ti.
ResponderEliminarBeijinhos*
Descabidas ou não, adoro-as!
ResponderEliminarTHE PINK ELEPHANT SHOE | FACEBOOK | YOUTUBE CHANNEL |
Descabidas ou não, sao deliciosas de ler. Parabéns
ResponderEliminarse quiseres visita o meu blog e deixa a tua opinião
oengateperfeito.blogspot.pt