sábado, 11 de abril de 2020

É só medo.


Não sei encontrar as palavras certas para esta leveza que sinto quando parece que tudo está no lugar certo, mesmo quando nada está nesse lugar certo. Esta incerteza de não saber se estou perto ou se estou longe, se este abismo que me separa de tudo o que preciso vai algum dia diminuir. Esta incerteza de não saber qual é o passo seguinte e que terra firme vou encontrar do outro lado.

Acho que é o medo; ou então o medo que tenho do próprio medo. Para mim, quase tudo se resume a isto: tudo o que não faço e (quase) tudo o que faço é culpa do (meu) medo. E sei que não sou só eu, e que esta leveza que insiste tanto em ficar quando parece não fazer qualquer sentido é, na verdade, o que dá sentido a uma boa parte da nossa vida. Talvez – mesmo quando não parece – à melhor parte da nossa vida.
Aquela sensação – a que gosto de chamar leveza porque não sei ser nada além de otimista – que nos consome por dentro até que lhe damos uma voz. Aquele burburinho na nossa cabeça que não nos deixa pensar em mais nada, que nos mantém acordados além da conta e que só começa a diminuir quando o deixamos gritar. É aquela espécie de frio na barriga que nos faz procurar terra firme a cada segundo que passa, mas que só diminui quando finalmente deixamos de lutar e ganhamos asas.


Acho que é só o medo a gritar baixinho – ao meu ouvido – que está tudo bem, que nunca me perdi e que os sonhos maus nem sempre se realizam. Vai estar sempre ali – a olhar por mim, a tomar conta de mim – para nunca me deixar parar.

1 comentário :

  1. O medo pode ser paralisante, mas também nos pode dar o incentivo para não pararmos, para não nos acomodarmos

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