segunda-feira, 4 de maio de 2015

Seis meses de DreamCate.

Faz hoje seis meses que ganhei coragem, finalmente, para criar o DreamCate e partilhar com quem vai estando desse lado a minha (grande) paixão pela escrita. Só passou meio ano, mas já foi o suficiente para me mostrar que tomei a decisão certa e que quero, realmente, continuar a escrever. Desde o dia 4 de Novembro de 2014 e 73 publicações depois, o DreamCate teve mais de 5500 visualizações, ganhou 117 seguidores (mais 668 no facebook) e até passou por uma renovação total que lhe deu o aspecto que ele merece. 

No meio destas 73 publicações, algumas destacaram-se e por isso vou deixar-vos os links dos três textos mais lidos até hoje:

- Come on skinny love just last the year

- A convivência

- Sei que às vezes te custa esperar

Quero muito que o blog continue a crescer, que chegue a cada vez mais pessoas e que essas pessoas se identifiquem com aquilo que eu escrevo - não há melhor recompensa do que essa. Mas também quero outras coisas com a minha escrita; gostava que um dia deixasse de estar só aqui na blogoesfera e estivesse, também, impressa num belo conjunto de folhas às quais eu pudesse chamar de livro. Um livro meu. Às vezes a ideia parece completamente descabida, mas outras vezes parece tão real que não consigo parar de escrever. Enquanto tento perceber se a ideia é descabida, se é real ou se é, simplesmente, as duas coisas, vou mostrar-vos um bocadinho do meu "sonho". Espero que gostem e que continuem a passar por cá...prometo ter sempre bons textos! :)

«(...)O Luís é daquelas pessoas que não procuramos, mas que temos que encontrar. Tem o equilíbrio perfeito entre as qualidades e os defeitos – que é provavelmente a característica mais difícil de encontrar em alguém – e por isso é quase impossível zangarmos-nos com ele. Mesmo quando ele teima em ter sempre razão, em ser o mais ajuizado e o mais rebelde ao mesmo tempo, sabem? É difícil aconselhá-lo, seja no que for, porque ele nunca ouve ninguém – já decidiu o que vai fazer há muito tempo. Acerta quase sempre e quando isso não acontece tem a humildade de o dizer – ou de se calar, se for caso disso. Acho que a melhor qualidade do Luís, e foi também a que conheci primeiro, é a invisibilidade com que está presente. Ninguém dá por ele chegar, quase ninguém se apercebe de que acabou de sair, mas toda a gente sabe que ele ali está. Não é omnipresente, mas a segurança que nos dá é – nunca mais me senti sozinha (e só) depois dele.
Conheci o Luís num dos piores momentos da minha vida, até agora. E digo um dos piores porque para mim é sempre difícil eleger o pior ou o melhor momento, quer seja da minha vida ou de qualquer acontecimento menor do dia-a-dia. Não sei explicar. Fico sempre na dúvida e quase com medo de ser injusta com todos os outros momentos. Mas sim, o Luís chegou num dos piores momentos.
Eu estava sozinha, como sempre, sentada num banco de jardim. Na verdade, estava mais só do que sozinha pois havia sempre tanta gente a passar por ali, crianças a brincar, pais a gritar e turistas, tantos turistas, a passar. Estava em frente à Sagrada Família, em Barcelona, em pleno mês de Julho, por isso era impossível estar realmente sozinha. O Luís sentou-se no mesmo banco em que eu estava sentada. Sentou-se, simplesmente, sem pedir licença e sem perguntar se estava ocupado – estaria assim tão na cara que eu estava, irremediavelmente, sozinha? Era só um banco de jardim, público, onde, na verdade, qualquer um se podia sentar. E ele era só qualquer um. Não consegui deixar de me sentir, terrivelmente, incomodada. Olhei para ele pelo canto do olho, várias vezes, na esperança de perceber porquê que ele teria escolhido sentar-se no “meu” banco. Mas só consegui perceber que era bonito, muito até, e que sorria. Sorria de uma forma que, até hoje, não sei explicar como era, mas que transmitia toda a calma do mundo – não havia nenhum fardo nas suas costas, disso tive a certeza.
E essa, na verdade, era a única certeza de que precisava quando conhecia alguém, naquela altura, mesmo que não trocássemos uma única palavra. E foi isso que aconteceu naquele dia, conhecemo-nos mas não nos falámos. Fui embora com a sensação de que alguma coisa tinha acabado de mudar. Daquelas sensações que só compreendemos, verdadeiramente, quando as percebemos como uma recordação muito tempo depois. O Luís chegou, nesse dia, sem pedir licença – é a forma mais simples e verdadeira de explicar a maneira como ele entrou, quase, definitivamente na minha vida.
(...)
Estava, mais uma vez, sozinha. Talvez estivesse sentada no mesmo banco; ou então foi só a presença do Luís que me fez ter essa sensação de familiaridade. Voltou a sentar-se, mais uma vez, sem pedir licença. Desta vez não fiquei incomodada, na verdade até fiquei satisfeita que o tivesse feito – era bom ter companhia, mesmo que fosse silenciosa.
Pela segunda vez sentia que a presença dele, ali tão perto, me deixava mais tranquila. Não é que não me sentisse nervosa com a presença dele, com o olhar dele – quando o desviava para mim – e que toda eu me desfizesse por dentro. Não é que não desejasse, mais do que tudo, que ele se apresentasse e olhasse, de vez, para mim. Não é que essas coisas todas não fossem verdade, porque o eram. No entanto, a calma que trazia com ele era como um oásis num deserto e eu estava há tanto tempo, demasiado até, num deserto sem fim. Acho que foi por isso que a primeira coisa que senti com ele, e por ele, foi a tranquilidade que transmitia.
Dei por mim a pensar como seria a voz dele; como seriam os seus olhos vistos de frente; se seria muito alto ou da minha altura. Dei por mim perdida em devaneios românticos, completamente deliciada com esta coincidência – o mesmo banco, a mesma companhia. Por momentos abanei a cabeça e tentei afastar estes pensamentos que queriam ser mais, bem mais, do que meros pensamentos. Mas depois percebi que estes devaneios eram o mais real que tinha experienciado nos últimos dois anos; percebi que pela primeira vez, em muito tempo, estava viva. Por mais platónico que fosse, naquele momento, eu estava a viver – e como era bom viver outra vez.»

9 comentários :

  1. Muitos parabéns por estes primeiros seis meses, espero que venham muitos mais!
    Luta pelo teu sonho, até porque talento não te falta*

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  2. r: Sem dúvida!

    Não tens que agradecer :)

    Beijinhos*

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  3. não acho nada descabido este teu sonho / plano / objectivo. acho-o até bem real e possível e apenas à distância da tua vontade (que sei que é muita). escreves muito bem e, por isso, tenho a certeza que o teu livro vai existir. tal como ganhou vida este teu blog, assim que ganhaste a coragem para o trazer à vida.

    eu vou lá estar, na fila dos autógrafos, com o meu exemplar na mão. :)

    beijinhos

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    1. Oh, obrigada Ana :)
      São palavras como as tuas que nunca me fazem desistir!

      Beijinhos

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  4. Que texto lindo :) tens muito jeito para a escrita! Adorei especialmente porque eu vivo em Barcelona e o meu namorado chama-se Luís, que coincidência! :p tu também vives em Barcelona?
    E o que acontece ao Luís e à protagonista? Há continuação?

    beijinhos
    http://pretty-little-stories.blogspot.com

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  5. Adorei Catarina, tive que ler até à última palavra :)

    Continua a inspirar-te (e a nós) dessa maneira e é certo que o teu sonho se irá concretizar :) **

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  6. Olá Catarina,

    Gostei imenso :)

    Vou voltar :) e parabéns pelos seis meses.

    Beijinhos

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  7. heheh adorei o testo!!!!!!!!!!!!!! espero que continues aqui mais tempo, acabei de conhecer o blog/seguir e adorei!!!

    Bjinhos Sandra Color-s(segue se gostares )

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