quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Nunca soubeste lidar comigo.


Nascem e morrem de repente. Nem sei que nome lhes dar. Fazes parar as minhas sinapses, perco-me de mim e sei tão bem o que dizer que não digo. Soltam-se os sentimentos mais puros e mais feios que conheço, em gestos e olhares. As palavras morrem antes de nascer. Fazes de mim um figurante quando sabes melhor que ninguém que o protagonismo é para mim agora. As lágrimas enchem-me os olhos, obrigado por fazeres de tudo para nunca me esquecer delas. Nascem umas atrás das outras, como células cancerosas, sem programação de morte. Revejo-me por dentro vezes sem conta, chego mesmo a odiar tudo, até que percebo que és tu que vês mal, que só olhas para o que não sei fazer melhor. Que me lês os defeitos como quem me lê a alma de raspão, como quem não me conhece nem com os olhos de ver por fora. Nunca soubeste lidar comigo.

CateAndrade

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