quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Pensei em ficar calada.

Pensei em ficar calada, o que costuma ser sempre conveniente quando digo disparates, ou então quando digo coisas que as pessoas não gostam de ouvir(o que não têm que ser necessariamente disparates), mas acho que não devo. A verdade, é que eu acordo e adormeço muitas vezes com a sensação de que ficaram coisas por dizer, por fazer, que devia ter vivido mais uma hora neste ou naquele dia, que devia ter mandado o tempo parar para eu não me atrasar (ainda mais). Sinto que devia, ou que me fazia bem, gostar tanto de “vocês” como de mim, que devia ter tantas saudades “vossas” como minhas, quando fico para trás num dia, numa semana ou num mês qualquer.  Mas não, sinto-vos indiferentes, e isso vai-me incomodando, vai-me comendo a cabeça e faz-me pensar em tantos porquês, que chego mesmo a perder-me. Acho que também gostava que os “vossos” sorrisos fossem realmente sinceros, que eu pudesse até confiar neles, não gosto quando tenho que duvidar. E preferia que o meu coração soubesse de cada vez que vai ter que bater mais depressa, para eu puder controlar os meus olhos, o meu sorriso, as minhas palavras e tudo aquilo que me possa, eventualmente, denunciar. Também já devias saber, que eu não quero que me vejas nunca mais (e tu sabes).

CateAndrade

Este texto é antigo, muito antigo, mas actual na revolta de quem não se cala, seja de que maneira for.
#JeSuisCharlie #CharlieHebdo

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