Pensei
em ficar calada, o que costuma ser sempre conveniente quando digo disparates,
ou então quando digo coisas que as pessoas não gostam de ouvir(o que não têm
que ser necessariamente disparates), mas acho que não devo. A verdade, é que eu
acordo e adormeço muitas vezes com a sensação de que ficaram coisas por dizer,
por fazer, que devia ter vivido mais uma hora neste ou naquele dia, que devia
ter mandado o tempo parar para eu não me atrasar (ainda mais). Sinto que devia,
ou que me fazia bem, gostar tanto de “vocês” como de mim, que devia ter tantas
saudades “vossas” como minhas, quando fico para trás num dia, numa semana ou
num mês qualquer. Mas não, sinto-vos indiferentes, e isso vai-me
incomodando, vai-me comendo a cabeça e faz-me pensar em tantos porquês, que
chego mesmo a perder-me. Acho que também gostava que os “vossos” sorrisos
fossem realmente sinceros, que eu pudesse até confiar neles, não gosto quando
tenho que duvidar. E preferia que o meu coração soubesse de cada vez que vai
ter que bater mais depressa, para eu puder controlar os meus olhos, o meu
sorriso, as minhas palavras e tudo aquilo que me possa, eventualmente,
denunciar. Também já devias saber, que eu não quero que me vejas nunca mais (e
tu sabes).
CateAndrade
Este
texto é antigo, muito antigo, mas actual na revolta de quem não se cala, seja
de que maneira for.
#JeSuisCharlie
#CharlieHebdo
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