Penso na vontade que tenho que todas as pessoas
que estão (sempre) à nossa volta desapareçam; mesmo que só esteja uma pessoa
por perto, longe o suficiente para não nos ouvir, sinto que sempre que estamos
juntos temos uma multidão por perto. Penso, depois, no que gostava que
acontecesse se estivéssemos (completamente) sozinhos: acredito que penses no
mesmo.
Sinto que “nós” – que isto tudo que nos une – é tão certo que chego a
duvidar da minha (in)sanidade mental. Espero o momento certo para te sorrir –
enquanto peço mais uma vez para estarmos sozinhos – porque sei que me vais
sorrir de volta; e tu sabes, o teu sorriso não é justo. O teu sorriso é o mais injusto de todos,
porque me faz ter a certeza de que te quero por perto, de que te quero tocar e
de que, vá para onde for, te vou levar comigo.
E depois percebo – no meio da
minha tentativa de te sorrir melhor, não quero por nada ficar atrás da tua
injustiça – que talvez o teu sorriso seja apenas tão justo como tu: espontâneo
e verdadeiro como és sempre que olhas para mim. Percebo, quando finalmente
tenho que desviar o meu olhar do teu, que não fazes a mínima ideia do quão bonito
és e do que me fazes sentir: não sou a mesma desde que começaste a olhar para
mim.