O que mais custa é
continuar a acreditar; acreditar que as coisas possam mudar e que eu possa,
finalmente, sair daqui. Sei que esta prisão em que me encontro não é uma prisão
física; na verdade, ninguém me impede de abrir a porta e sair para nunca mais voltar.
As amarras que me prendem são tão leves e invisíveis como o ar que respiro, no
entanto sinto-as bem mais pesadas do que correntes verdadeiras.
Sinto agora – mais do
que nunca – que estas paredes à minha volta não são mais do que todos os passos
que me impediste de dar e todas as portas que nunca foste capaz de abrir. Sinto,
também, que muitas vezes não me deixaste acreditar nas boas capacidades que
sempre tive; e, na maioria das vezes, fizeste questão de mostrar-me todas as
capacidades que não tenho: mas que talvez me pudessem salvar. Hoje sei que
todas as promessas que me fizeste foram em vão; sei também que não tens culpa,
mas és tu quem dá a cara em nome de tudo. És tu – para todos os efeitos – que
me impedes, tantas vezes, de ver (ter) oportunidades no horizonte.
Quero (muito) acreditar
que podes mudar e que, juntos, ainda temos futuro. No entanto, confesso que
cada vez me custa mais esperar que isso aconteça. Às vezes tenho vontade de
abrir a porta só para espreitar o que há do outro lado. Desculpas-me se não conseguir
esperar por ti, Portugal?
A sensação de mãos e pés atados mata-nos por dentro, porque queremos avançar, mas parece que há sempre algo que nos puxa e nos prende ao mesmo lugar.
ResponderEliminarGostava muito de abrir as portas no meu país e ver que do outro lado podemos caminhar à vontade!