Às
vezes é difícil admitir a tua presença, todos os dias, em mim. E é difícil
apenas por um motivo: é real. Todos os dias és real. Mesmo a milhares de
quilómetros de distância, sem me poderes tocar, ou mesmo sorrir, és tão real
que não permites que o meu coração deixe de acelerar de cada vez que apareces
nos meus pensamentos. E já disse que apareces muitas vezes?
Às
vezes adormeço a pensar em ti. Fecho os olhos e lá estás tu, a olhar para mim e
a sorrir. Não consigo adormecer, fazes o meu coração acelerar – mais uma vez –,
mudo de posição e viajo, já quase a sonhar, para aquela última vez em que te
vi: a acenares ao longe, a abraçares-me ou a olhares para mim – incapaz de
desviares o olhar. E depois, no meio de alguma destas recordações, acabo por
adormecer, embalada por esta sensação de gostar de ti que trago no peito.
Às
vezes acordo a pensar em ti. Abro os olhos e o primeiro pensamento és tu. Não
queria que fosse, juro que tento que sejas só um pensamento – e não o primeiro
–, mas, invariavelmente, lá estás tu. Luto contra até que me deixo sorrir no
meio de mais uma recordação tua (nossa) que guardo comigo.
E
depois de todas as conversas e de ouvir tantas verdades juntas (impossíveis de
admitir fora de parêntesis), fico com a mesma (estranha) sensação dentro de
mim: como se continuasses por perto.
Ainda
sou capaz de ouvir o teu silêncio, como se estivesses aqui ao meu lado. Hoje
acordei a pensar em ti. Não, é mentira. Acho que acordo a pensar em ti todos os
dias, mesmo naqueles dias em que já não faço disso algo importante: daquelas
coisas que adorava contar-te ao ouvido. Hoje acordei a pensar no silêncio – no
teu silêncio.
Quando
eu estava de costas e tinha a certeza que olhavas para mim e sorrias: sorrias
tanto. Ou quando te deitavas ao meu lado para dormir, mas não resistias a
encostares-te a mim para teres a certeza de que sentia o teu corpo (todo) junto
ao meu antes de adormecer. Ou então daquelas vezes em que me abraçavas do nada,
como se o mundo todo coubesse nos nossos braços: o meu cabia.
É impressionante como tempo avança, troca-nos as rotas e as presenças, mas há pessoas que continuam em nós. Como se cada detalhe seu estivesse colado à nossa pele
ResponderEliminarÉ verdade. Um fenómeno quase visceral de presença!
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