Procurava sempre a face dela da mesma
maneira: com os dedos das mãos bem esticados, enquanto sorria a antecipar o que
já sabia sentir. Ao primeiro toque desenhava-lhe o rosto como ninguém;
conhecia, melhor do que ela própria, cada pedaço de pele que a fazia tão
bonita.
Sabia de cor a forma dos seus olhos – o
direito era ligeiramente mais rasgado –, o tamanho do seu pequeno nariz – que
lhe cabia no dedo mindinho –, o formato das suas sobrancelhas fartas – que lhe
conferiam tanta personalidade – e o diâmetro dos seus lábios desenhados,
milimetricamente, no sítio certo – nem um bocadinho para a esquerda, nem
ligeiramente para a direita.
Depois do primeiro toque, muitas
descargas eléctricas percorriam o corpo dele com uma intensidade difícil de
descrever: ela estava-lhe à flor da pele e ainda só lhe tinha tocado com a
ponta dos dedos. E enquanto ela falava – e ela falava sempre – todos os sons
pareciam estar em sintonia. Talvez a pudesse reconhecer em qualquer parte do
mundo e no meio de uma multidão. Era a única certeza que tinha: se não lhe
pudesse tocar, bastava que ela falasse para se verem.
Adorei a última frase. Ás vezes, é mesmo isso que sinto :)
ResponderEliminarIsa,
http://isamirtilo.blogspot.pt/
Adorei *_*
ResponderEliminarQue bonito, Catarina! Não paras de surpreender *.*
ResponderEliminarÀs vezes só precisamos de um pequeno toque para reconhecer a outra pessoa, ou ouvir a sua voz. Depois disso parece que tudo faz muito mais sentido.